26/01/2021 09:10
"Esse é o pior governo que o Brasil já teve", diz líder de paralisação dos caminhoneiros de 2018
O ex-motorista acredita que a greve do 1º de fevereiro não deve acontecer, já que boa parte dos caminhoneiros segue, na sua visão, "muito apaixonada ainda" pelo presidente Jair Bolsonaro
Na visão do caminhoneiro Wanderlei Alves, mais conhecido como Dedeco, esse é o pior governo que o Brasil já teve.
A BBC, ele contou que ficou parado dentro do caminhão em um posto de combustível em abril do ano passado após pegar uma forte pneumonia, que afetou seus dois pulmões.
Com a queda de demanda e do preço do frete em meio à pandemia, Dedeco atrasou o pagamento das parcelas e teve tomados de volta pelo vendedor, seus três caminhões.
Sem o ganha-pão depois de 27 anos passados na boleia e desgostoso com o aparelhamento da categoria pelo governo federal após a greve de 2018, o caminhoneiro, que foi uma das lideranças da mobilização que abalou a economia do país, decidiu mudar de ramo.
"Dos caminhões, só me sobraram os pneus. Foi o que eu vendi para abrir minha hamburgueria", conta Dedeco, que agora é dono de uma lanchonete em Curitiba, no Paraná.
O ex-motorista acredita que a greve chamada por parte da categoria para 1º de fevereiro não deve acontecer, já que boa parte dos caminhoneiros segue, na sua visão, "muito apaixonada ainda" pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Conforme Dedeco, o anúncio da greve foi uma estratégia de parte dos caminhoneiros para reabrir o diálogo com o governo, que havia sido interrompido pela pandemia.
“A greve de 2018 foi uma greve planejada e bem trabalhada no sigilo, nos bastidores, durante seis meses para acontecer", lembra Dedeco.
"Além disso, ela teve apoio da população quase em geral e do setor rural. Isso não tem mais, porque o setor rural hoje está todo do lado do governo. Ruralista rico gosta de governo ruim porque governo ruim faz o dólar subir e quem vende em dólar se dá bem. Então o agronegócio gosta do Bolsonaro, porque aí eles vendem a soja deles a R$ 5, R$ 6 o dólar", provoca.
"Hoje, querem fazer a paralisação 'no peito'. Não faz. Caminhoneiro não faz greve 'no peito'. Não vai acontecer greve dia 1º", avalia Dedeco.
"Pode acontecer de um louco numa pista ou outra querer parar, mas não vai conseguir. Porque boa parte dos caminhoneiros está muito apaixonada ainda pelo Bolsonaro. Principalmente aqueles que trabalham de empregados, não pagam pneu, não pagam óleo diesel, não pagam o caminhão. Para mim, são doidos igual ele."