Política

06/12/2020 15:15

Vacina só em março revolta bancada e senadora luta por imunização em janeiro

Em MS, apenas 418 mil pessoas devem ser vacinadas segundo os critérios do Ministério da Saúde; Tebet discorda do plano e das restrições da vacina

06/12/2020 às 15:15 | Atualizado 06/12/2020 às 10:12 Rayani Santa Cruz
Divulgação Assessoria

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) fez duas críticas à perspectiva de início da imunização da população contra Covid-19 apenas em março. O plano inicial do Ministério da Saúde, divulgado esta semana, dá conta que a vacinação será feita em fases e restrita a grupos prioritários: profissionais da saúde, da segurança pública, educação, indígenas, idosos e presidiários. Neste caso, 418 mil pessoas se encaixam nesse critério em Mato Grosso do Sul. 

Frente a toda essa problemática, a senadora falou, ontem (3), durante a votação da Medida Provisória que destina cerca de R$ 2 bilhões para o combate à doença, que esperava mais do Ministério da Saúde e que vai lutar para imunização iniciar em janeiro de 2021.

“Vamos aprovar quantas Medidas Provisórias forem necessárias para que possamos ter recursos para vacinar a população brasileira. Dizer que nós só poderemos vacinar em março, num país que tem expertise, e consegue, com a capilaridade que temos juntamente com estados e municípios, vacinar em 20, 30 dias a população brasileira? Começar em março por quê? O Brasil tem capacidade de vacinar. O Brasil tem expertise. Nós não vamos admitir ficar para trás”, disse a senadora, que citou exemplos como o do Reino Unido, que começa a vacinação em dezembro, e Europa, em janeiro. 

Para Tebet, as vacinas precisam ser aplicadas na primeira semana de janeiro. “Precisamos aprovar quantas vacinas forem eficientes e nos colocarmos à disposição da população brasileira. Toma quem quer, o que não podemos, jamais, é ter um cidadão brasileiro querendo tomar a vacina e ter que esperar até 2022. Até lá podemos perder a vida desse mesmo cidadão”, disse criticando a questão dos grupos escolhidos pela pasta.

Falta plano abrangente

Com o saldo de mais de 175 mil mortes por conta do coronavírus, a senadora Simone também demonstrou a decepção com as ações do Ministério da Saúde e pediu mais planejamento e organização.

“Minha palavra é de decepção com a coletiva do Ministério da Saúde. Esperávamos organização, trabalho e atitude do governo federal. Esperava-se muito, mas o nada pariu o pouco. Quando se imaginava um plano de vacinação abrangente e detalhado, atribuindo funções e responsabilidades institucionais, o que se viu foram critérios que parecem ter saído, como uma rápida junção de retalhos, da necessidade daquela reclamada reunião, menos que da vacinação”, criticou.
 
Simone ainda reclamou do fato de a programação inicial do governo prever que apenas 1/3 da população brasileira seja imunizada em 2021. “Estipular, como idade mínima para a primeira fase da vacinação, um número superior à expectativa real de vida dos brasileiros de regiões mais pobres me parece um exercício de desumanidade. É preciso que os critérios de relevância e urgência orientem as decisões futuras de quem é responsável por manter a nossa história de sucesso em termos de vacinação coletiva”.

R$ 2 bi para Covid
 
A MP 994/2020, que abre crédito extraordinário de cerca de R$ 2 bilhões para a compra da tecnologia da vacina contra a Covid-19 produzida pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford, do Reino Unido foi aprovada pelo Senado nesta quinta-feira, um dia após a aprovação na Câmara dos Deputados. O texto agora segue para a promulgação.
 
Os recursos serão usados para bancar 100 milhões de doses do imunizante para a população. As primeiras doses serão importadas e, depois, produzidas pela Fiocruz.