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há 4 anos

Abandono e escravidão: Neli luta para não ser despejada depois de 57 anos de dedicação

Neli ou Terezinha, como é conhecida, mora em um cômodo nos fundos do imóvel da família adotiva; preocupação é ser mandada embora sem seus direitos e até um teto para morar

17/11/2020 às 11:00 | Atualizado 17/11/2020 às 09:56 Nathalia Pelzl
Arquivo pessoal

Aos 63 anos, Neli Terezinha de Souza Machado Rodrigues está lutando para não ser despejada após 57 anos de trabalho, em Campo Grande. 

Quem conta a história da idosa é a filha, a professora Alessandra Machado Rodrigues. Neli ou Terezinha, como é conhecida, mora em um cômodo nos fundos do imóvel da família adotiva. A preocupação é ser mandada embora sem seus direitos e até um teto para morar.

“Aos 6 anos, ela foi dada para adoção por sua mãe biológica. Desde então, passou a morar com a família que a adotou e realizar pequenos serviços, como babá. Quando cresceu assumiu outras funções, fazendo todo o serviço da casa. O que a impedia de ir para a escola. Pois, eles precisavam que alguém ficasse”, começa a filha. 

“Aqui ela constituiu família, mas nunca saiu pra nada. Não tinha férias, nem descanso. Muitas vezes era obrigada a levantar tarde [da noite] para atender as visitas e fazer janta. Ela achou normal, até entender que não era nada. Um dia, o filho da senhora que a adotou chegou e disse que, quando ela partisse, deveria pagar aluguel para os herdeiros ou sair da casa. Muito abalada, sem casa para morar, sem condições de se aposentar, entrou na Justiça”. 

Contudo, a filha explica que a audiência não saiu como esperado. “Ela até hoje cuida da senhora que a adotou. Dorme com ela e faz todos os trabalhos da casa. Na audiência, a juíza do caso ouviu apenas uma testemunha e disse que era o suficiente. Queremos que a justiça seja feita e ela receba seus direitos. Que tenha um lar digno para morar já que será despejada. A própria juíza diz que ela tem que sair”, diz indignada. 

“Queremos que a verdade chegue às autoridades que estão julgando o caso. Que a justiça seja feita e Tereza tenha ao menos o direito a um lar digno para morar. Que possamos ter fé no Judiciário Brasileiro, pois a justiça divina existe, mas também clamamos pela justiça dos homens”, disse ao TopMídiaNews

Para dar visibilidade ao processo, Alessandra também usou as redes sociais para divulgar o caso. Além disso, uma vaquinha on-line foi criada para a construção de um lar para Neli. 

Para contribuir com a vaquinha, clique aqui.