27/10/2020 16:43
Membro da milícia dos Name, policial federal preso na Omertà é solto em Campo Grande
Pessoas pesquisadas por ele foram assassinadas em Campo Grande
O policial federal Everaldo Monteiro de Assis, preso por integrar a milícia de Jamil Name, conseguiu liberdade nesta terça-feira (27), em Campo Grande. O agente era conhecido como ‘’Jabá’’ e usava de seu acesso na Polícia Federal para fazer dossiês contra inimigos da quadrilha.
A decisão é do juiz Roberto Ferreira Filho, que destaca que, por lei, a prisão preventiva deve ser reanalisada periodicamente. Além disso apontou que a função de Everaldo na quadrilha se dava no núcleo de apoiadores, não tendo função expressiva na organização.
‘’...o requerente é acusado de integrar organização criminosa armada e violação de sigilo funcional, ou seja, sem indícios robustos acerca da sua participação na execução de outros delitos graves, diferentemente do que sucede com outros acusados em relação aos quais, ao meu sentir, a prisão cautelar ainda se justifica e se impõe...’’, escreveu o magistrado. bro
Outra argumentação do juiz é que o processo contra ele está em fase avançada e descarta risco à ordem pública.
Assim que for solto, Everaldo terá de comparecer mensalmente à Justiça, usar tornozeleira eletrônica e, entre outras medidas cautelares, não manter contato com nenhum envolvido ou investigado na Operação Omertà.
O ex-juiz federal, Odilon de Oliveira, é um dos advogados de Everaldo e destacou que a soltura do réu não põe em risco a ordem pública. Além disso, enfatizou que o Ministério Público Estadual cometeu um equívoco, já que os documentos apreendidos com o policial e que tinham relação com as vítimas da quadrilha eram inerentes ao trabalho do agente, lotado em um departamento que investigava crimes de execução. Odilon diz ter documentos que provam que o trabalho de Everaldo não tinham relação com a quadrilha citada.
Defesa garante que pesquisas feitas por Everaldo eram fruto da função dele na PF. (Divulgação)
Omertà
Everaldo foi preso em 27 de setembro de 2019, acusado de usar o sistema da Polícia Federal para buscar informações sobre inimigos da família Name e também da organização de Fahd Jamil, na fronteira com o Paraguai.
A Polícia e o Gaeco encontraram materiais que mostram o uso do sigilo funcional para abastecer as quadrilhas com informações contra desafetos. Entre os nomes de pessoas pesquisadas por Everaldo, algumas foram assassinadas e os crimes atribuídos a Jamil Name e Fahd Jamil.