Polícia

27/09/2020 07:00

Racismo se perpetua e marca vida de vítimas em Campo Grande

Crime estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa

27/09/2020 às 07:00 | Atualizado 27/09/2020 às 06:53 Dany Nascimento
Tânia Rego-Agência Brasil/Wesley Ortiz-TopMídiaNews

Diariamente nos deparamos com atitudes preconceituosas, sejam estampadas em matérias jornalísticas ou registradas por meio de boletins de ocorrência. Fica cada vez mais evidente que estamos longe de viver em uma sociedade sem atitudes tão repugnantes como essa os dados demonstram que 75% das vítimas de homicídios são negras.

Em Campo Grande, a situação não é diferente, já que houve casos, em que a vítima de racismo decidiu até por abandonar a cidade. Uma simples conversa no Facebook, sobre se mudar para o Canadá, fez o jovem negro, Caio Vinicius de Jesus Brito, 25 anos, contabilizar mais uma situação de racismo na vida.

Ele foi xingado de ‘’resto de incêndio’’ por um ex ‘colega’ de trabalho, em junho deste ano.  Tudo começou quando Caio postou notícia de um site canadense, que dizia que o país ao norte dos EUA precisaria de imigrantes após a pandemia da covid-19. Neste momento, o suspeito  questionou a postagem de Caio.

''O que um cidadão, com altos índices de melanina irá ''cheirar'' no Canadá'', perguntou o internauta. Brito respondeu que iria buscar uma vida melhor [que no Brasil], como ''qualquer pessoa branca faria''.

Ainda segundo os prints da conversa, Caio ficou irritado e retrucou: ''Eu não sou você que prefere bater de casa em casa oferecendo internet''. Em seguida, o suspeito de racismo retrucou:

''Vai lá, resto de incêndio''.

Segundo Atlas da Violência 2020, estudos apontam que a maioria das pessoas assassinadas são jovens negros, solteiros e com baixa escolaridade. A pesquisa foi feita entre 2008 e 2018 pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fórum de Segurança Pública. 

Sogra ameaça e xinga genro de macaco preto no Tijuca

Um homem de 37 anos procurou a Polícia Civil, na noite de ontem (2), relatando que foi vítima de racismo e ameaçado pela sogra, em uma casa na Rua Xavantes, no bairro Jardim Tijuca, em Campo Grande.

De acordo com o Boletim de Ocorrência, ele disse que vem sendo ameaçado pela mulher há dias. Ela teria dito que iria denunciar o genro por maltratar os netos. Ele apresentou áudios da sogra com palavras de baixo calão.

“Seu vagabundo, corno veio, macumbeiro, malandro, gigolô, preto macaco”, disse a mulher.

 O caso foi registrado na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro.

Enquete

O TopMídiaNews lançou enquete e 77% dos votantes, acreditam que o racismo existe e predomina em nosso Estado. Enquanto 23% acreditam que não existe qualquer tipo de discriminação racial por aqui.

Código Penal

Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível. A injúria racial está prevista no artigo 140, parágrafo 3º, do Código Penal, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la