Política

19/08/2020 13:45

PT faz reunião para analisar pedido de expulsão de vereador; Kemp admite que questão é política

Presidente municipal do PT disse que Ayrton Araújo terá direito a ampla defesa; vereador explicou voto técnico

19/08/2020 às 13:45 | Atualizado 19/08/2020 às 13:20 Rayani Santa Cruz
André de Abreu

O Partido dos Trabalhadores de Campo Grande realiza reunião às pressas, nesta quinta-feira (20), às 9h30, na sede do partido, após confusão entre o deputado Pedro Kemp e o vereador Ayrton Araújo. A intenção é resolver o impasse através de Comissão Disciplinar.

Ontem, o vereador votou em manter o veto ao projeto de adicional de insalubridade para algumas categorias, que é inconstitucional, e irritou petistas, apesar de seguir a lei. O deputado Pedro Kemp pediu a exclusão do vereador da chapa de pré-candidatos. Ele é o único representante da sigla na Câmara.

Ao TopMídiaNews, o vereador Ayrton disse que não votou contra os trabalhadores e que, inclusive, tinha votado a favor da proposta inicialmente. Mas, que depois analisou e viu que o projeto não tinha competência jurídica para passar. 

Ele cita que está compondo a defesa para justificar a decisão final em votar para manter o veto da prefeitura ao projeto, e que a atitude foi técnica. Além disso, o parlamentar já está fazendo articulações políticas entre lideranças do partido.

“Estou fazendo as articulações políticas dentro do partido. Falei com o deputado Cabo Almi e com o deputado Vander [Loubet]. Conversei com dois membros do executivo e, politicamente, eles julgam que foi uma perda eu ter mantido o veto. Mas, vou contar com minha história política e trabalho na Câmara. Sempre votei a favor dos trabalhadores. Especificamente neste projeto, o meu voto foi técnico e coberto de razões juridicamente corretas. Iríamos onerar o cofre [da Prefeitura] e o projeto era um presente de grego aos servidores, totalmente oportunista, em momento de sofrimento das famílias e perdas na pandemia. Era uma fantasia e ia criar perspectiva aos servidores”, explicou Ayrton. 

Ele cita que vai trabalhar ao máximo para não ter penalidades graves. “Estão criando um monstro e vou trabalhar politicamente para não ir ao Conselho de Ética. Não sou um parlamentar de demagogias”. 

A reunião

Conforme o presidente municipal do partido, Agamenon do Prado, a executiva fará a reunião virtual para instaurar uma Comissão Disciplinar, que fará o relatório sobre o caso. Após isso, o documento deve ser entregue para a executiva municipal, que vai dar a palavra final. O vereador pode ser expulso do PT, mas apenas se for comprovada a gravidade da infração.

“A Comissão vai ouvir a defesa do vereador e vai ouvir as acusações. O diretório vai fazer o julgamento. Tem penalidades como suspensão até a exclusão do quadro do PT. Ele tomou a atitude e foi grave. Essa é a orientação nacional do PT e temos que dar condições aos trabalhadores, isso é injustificável e está causando constrangimento muito forte”, cita.


(Deputado estadual Pedro Kemp. Foto: André de Abreu)

O que diz Kemp

Em contato com o deputado Pedro Kemp, ele esclareceu que não pediu a expulsão do vereador. “Pedi a exclusão do nome dele da chapa de pré-candidatos e pedi abertura de processo disciplinar. Agora está na mão da executiva do PT para verificar se instala comissão de ética ou não”. 

O pré-candidato à Prefeitura de Campo Grande afirma que foi cobrado por pré-candidatos do partido e por trabalhadores da área de saúde e, por isso, cobrou o voto do vereador.

“Fui muito cobrado pelos pré-candidatos que o nosso único vereador tem que fazer a defesa dos trabalhadores de acordo que nosso estatuto manda. A questão não é jurídica, é política. O vereador tem que se manifestar sempre na defesa dos trabalhadores. É mais do que justa a gratificação de insalubridade em grau máximo para atender a categoria que está morrendo e se expondo todos os dias”.