08/08/2020 15:58
Através de produção de máscaras, vítimas de violência doméstica tem chance de recomeço
Com o valor recebido, voluntárias passaram a ajudar nas finanças de casa, além de aprenderem um novo ofício
Com certeza 2020 é o ano de se reinventar, seja na readequação da rotina pessoal pelas mudanças impostas pela pandemia, como também na rotina financeira. Mas, para as 27 mulheres atendidas pela instituição beneficente ACIESP (Associação de Capacitação de Economia Solidária do Povo), localizada no bairro Aero Rancho, em Campo Grande, essas mudanças, além de promoverem inovação, vieram acompanhadas de um sentimento ainda mais nobre: o de gratidão.
Elas carregam histórias de sofrimento causadas pela violência doméstica, e tiveram a oportunidade de aprender um ofício e a ter renda através de empresas que escolherem a ONG (Organização Não Governamental) para dar o 'empurrão'. A Energisa contratou o trabalho da ACIESP para a produção de mais de 63 mil máscaras de proteção individual, e que foram doadas para a população indígena e da melhor idade, de Mato Grosso do Sul. Além disso, as voluntárias receberam o valor de R$ 1,2 mil cada uma, um estímulo para independência financeira.
"Ajudar o próximo já é muito importante, mas olhar para essas mulheres que vivenciaram tanto sofrimento é mais que necessário, pois elas precisam muito dessa renda extra para se manterem. E, essa parceria firmada para a produção das máscaras individuais é de extrema importância para ajudar nesse recomeço", afirmou a presidente da ACIESP, Ceurecy Santiago Ramos.
Uma das atendidas pelo projeto é uma mulher, de 38 anos que após 7 anos em um casamento em meio a violência doméstica, resolveu sair da casa própria para dar um novo sentido à vida.
“Eu conheci a Ceurecy e sempre a via ajudar e orientar as mulheres sobre a questão da violência doméstica, mas eu mesma não tinha coragem de contar para ela o que vivia dentro da minha casa, por medo ou talvez por não conseguir resolver. Até que um dia criei coragem e ela me apresentou a ACIESP, onde eu encontrei todo o apoio que precisava para tomar uma atitude”, conta.
Esse recomeço para mulheres que sofreram violência doméstica é sempre uma luta, e com a pandemia acaba se tornando mais complicado, principalmente na questão da renda financeira.
Além da contratação da mão de obra, foram doados 10 computadores - com CPU, monitor, teclado, mouse e cabos. Os aparelhos vão atender cerca de 800 pessoas que mensalmente passam pelo local.