08/07/2020 12:08
AULAS: “voltar e forçar todo mundo a ficar encostado com o rosto no ônibus é perigoso”, diz Mandetta
O ex-ministro comentou sobre disseminação da covid-19 em alunos pobres, caso as aulas presenciais sejam retomadas
Ao participar de live com a Comissão de Saúde da Câmara, nesta quarta-feira (8), o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta reprovou qualquer possibilidade do retorno das aulas presenciais na cidade, neste momento.
Inicialmente, o vereador Lívio Viana (PSDB) questionou sobre a possibilidade de retomada das aulas em meio à pandemia. Ele citou que as pessoas estão frequentando reuniões e lotando bares, o que causa uma certa disparidade em relação ao controle da doença.
O vereador Delegado Wellington (PSDB) citou que, assim como ele, muitos pais estão pagando caro na escola dos filhos e que, no momento, servem de professores em casa. Ele diz que muitos pais não têm flexibilidade para ficar em casa, e perguntou a opinião do médico sobre uma solução para "o novo normal que a sociedade vive".
Em resposta, Mandetta afirmou que, pelas estatísticas, os jovens passam bem a doença. Mas, quando existe a massa de estudantes e trabalhadores usando coletivos em mesmo horário, se torna perigoso.
“Então, quando você coloca toda a massa de trabalhadores e estudantes no mesmo ônibus, o transporte fica super lotado. Acho que deve-se analisar como retirar essas pessoas da super lotação. Vai trabalhar com horários diferentes? Vai trabalhar com sistema de cores ou aumentar o número de ônibus? Porque simplesmente voltar e forçar todo mundo a ficar encostado com o rosto no outro dentro do ônibus é perigoso. É diferente de você colocar seus filhos no carro e levar pra escola. O povão não tem quatro cômodos para isolar alguém em um ambiente caso pegue a doença. E olha que Campo Grande não tem uma classe tão excluída e pobre como em regiões do Rio de Janeiro, por exemplo”.
Ele cita que, em Campo Grande, existem comunidades e população carente que podem ser muito atingidas, e diz que tudo pode desde que haja bom planejamento, porém, no momento, haverá aumento de casos da covid-19 e isso exige esforço mútuo do coletivo. “Não tem solução fácil, o século XXI vai ser lembrado por antes e depois do coronavírus. O mundo vai mudar o eixo. Estamos à deriva numa sociedade que tem fratura exposta”.