18/06/2020 21:34
Por R$ 100 mil, delegado 'japonês' destruiu provas para proteger Name e Rei da Fronteira
Ele também teria assediado delegados para desistirem das investigações
O delegado Marcio Shiro Obara, um dos alvos da 3ª fase da Operação Omertà, teria recebido R$ 100 mil para atrapalhar investigações de assassinatos sabidamente cometidos por Jamil Name e Fahd Jamil. Ele também teria assediado outros delegados para desistirem de investigar ou ''passassem'' o caso para ele.
Conforme a investigação, Obara, que era delegado da Delegacia Especializada de Homicídios, em Campo Grande, tinha ligação com o filho de Fahd Jamil, Flávio Correia Jamil Georges. Em seu celular, o delegado tinha o telefone de Flávio, que já era bastante conhecido no mundo do crime e o travava como ''Flavinho''.
Ainda segundo apurado, Márcio Obara teria recebido o dinheiro do ex-guarda municipal Marcelo Rios, que hoje está preso. A mulher de Rios confirmou essa informação.
Com o dinheiro em mãos, Obara tratou de destruir provas que poderiam ligar a morte de Ilson Martins de Figueiredo a Name ou a Fahd. No dia da morte de Ilson, Márcio Obara recolheu um envelope que continha um dossiê com prints de conversas de WhatsApp, onde Ilson foi informado que a morte dele havia sido encomendada.
No entanto, esse envelope não foi inserido no inquérito, fato que foi confirmado por outros investigadores da DEH e sequer passou por perícia, justamente porque ligava o crime ao grupo criminoso de Fahd e do filho Flávio Georges. Outras provas como uma caneta espiã e cartões de memória que estavam na cena do crime de Ilson foram ocultadas ou destruídas.
Assédio
Márcio Obara teria, segundo o apurado pela força-tarefa, assediado os delegados Fábio Peró Correa e João Paulo Sartori, os dois responsáveis pela investigação de outra morte ligada às organizações criminosas. Obara teria dito a Sartori ‘’até onde ele queria chegar com aquela investigação’’.
Ilson foi morto a mando de Jamil e Fahd Jamil. (Foto: Ana Gomes - Arquivo)
Mortes
A morte de Ilson, em 11 de junho de 2018, por fuzilamento, na avenida Guaicurus, em Campo Grande se deu, segundo as invesitações, porque ele teria participado do sequestro e morte de Daniel Georges, outro filho de Fahd Jamil.
Outros pistoleiros envolvidos no sequestro e morte de Daniel foram executados, sendo um em Bela Vista e outro no interior de São Paulo.
Márcio Obara está preso em uma das delegacias da Polícia Civil em Campo Grande.