10/06/2020 17:00
'Madrugada árdua, missão cumprida': desabafam agentes sobre morte de assassino de policiais
Ele trocou tiros com a polícia e não resistiu aos ferimentos
As corporações de forças policiais de Mato Grosso do Sul demonstram revolta diante do assassinato dos policiais civis Jorge da Silva do Santos, 50 anos, e Antonio Moraes Roque da Silva, 39 anos.
Eles foram executados a tiros na tarde de ontem (9), enquanto transportam um preso e o atirador, que era conduzido como testemunha e sem algemas dentro da viatura descaracterizada.
O vigilante Ozéias Silveiras, 44 anos, estava aramado e matou os dois agentes. Ele fugiu, mas foi encontrado por uma megaoperação no bairro Santa Emília, em Campo Grande. Ele trocou tiros com a polícia e morreu.
Nas redes sociais, a delegada Ana Cláudia Medina, titular da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), fez um desabafo e ressalta que a missão foi cumprida.
“Tarde inexplicável! Noite e madrugada árdua! Missão cumprida! Hora de tentar descansar e engolir a seco tamanha covardia! Só nos restou tristeza e famílias a consolar! Agora sim, sigam em paz Jorginho e Antônio Marcos”, publicou a delegada.
A Polícia Rodoviária Federal, que atua em Mato Grosso do Sul, também emitiu uma nota de pesar sobre o falecimento dos policiais.
"A PRF/MS manifesta seu mais profundo pesar pelo falecimento dos policiais civis Antonio Marques Roque da Silva e Jorge Silva dos Santos, que perderam a vida no cumprimento do dever. Aos amigos e colegas da Polícia Civil e aos familiares das vítimas, nossa solidariedade neste momento de dor pela irreparável perda", diz.
Falha da Lei
Para o Delegado Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Marcelo Vargas, as mortes infelizmente foram ocasionadas devido à Lei de Abuso de Autoridade, já que o atirador estava sendo conduzido como testemunha e sem algemas. A casa em que ele fazia segurança foi alvo de furto em seu período de trabalho.
Segundo Vargas, o vigilante Ozéias Silveiras matou os agentes porque estava armado e agiu com estrema covardia não dando oportunidade de defesa às vítimas. Ele não tinha ordem de prisão e era conduzido somente para ser ouvido na Delegacia. Por ser trabalhador e se identificar como filho de policial militar, Ozéias foi considerado sem periculosidade pelos agentes.
“Não foi utilizado o emprego de algema pelas características. A ação foi normal de condução à Delegacia, até por conta da lei de abuso de autoridade que veda o emprego de algemas as pessoas que não estejam efetivamente presas e que aparentemente não apresentem riscos. E era o que o fato se enquadrava e ninguém esperava essa reação e que o rapaz estivesse armado”, disse o delegado.
Conforme o delegado, esse é o primeiro caso de morte ocasionado pelo cumprimento da Lei de Abuso de Autoridade em Campo Grande. Segundo Vargas, a partir de hoje, os policiais estão orientados a preservar a vida em primeiro lugar e depois responderem a lei.
“É vamos repensar a respeito dessa lei e do emprego de algemas. Infelizmente o policial vai acabar incorrendo na lei de Abuso de Autoridade, do que colocar a sua vida em risco. Essa vai ser a nossa orientação”, finalizou.