10/06/2020 09:10
Em velório de policial, amigos lamentam mortes e delegado culpa Lei de Abuso de Autoridade
O atirador foi conduzido como testemunha e não foi algemado pelo histórico e em respeito a lei; ele matou dois Policiais Civis
Todas as corporações de forças policiais de Campo Grande acompanham o velório de Jorge da Silva do Santos, 50 anos, na rua 13 de Maio, na Capela Nipon. Ele e o parceiro Antonio Moraes Roque da Silva, 39 anos, foram mortos durante o expediente, na tarde de ontem, em Campo Grande.
O Delegado Geral da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Marcelo Vargas, disse que as mortes infelizmente foram ocasionadas devido à Lei de Abuso de Autoridade. "O atirador estava sendo conduzido como testemunha e sem algemas, pois, a casa em que ele fazia segurança foi alvo de furto em seu período de trabalho".
Segundo Vargas, o vigilante Ozéias Silveiras, de 44 anos, matou os agentes porque estava armado e agiu com estrema covardia não dando oportunidade de defesa às vítimas. Ele não tinha ordem de prisão e era conduzido somente para ser ouvido na Delegacia. Por ser trabalhador e se identificar como filho de policial militar, Ozéias foi considerado sem periculosidade pelos agentes.
“Não foi utilizado o emprego de algema pelas características. A ação foi normal de condução à Delegacia, até por conta da lei de abuso de autoridade que veda o emprego de algemas às pessoas que não estejam efetivamente presas e que aparentemente não apresentem riscos. E era o que o fato se enquadrava, ninguém esperava essa reação e que o rapaz estivesse armado”, disse o delegado.
Segundo o delegado, esse é o primeiro caso de morte ocasionado pelo cumprimento da Lei de Abuso de Autoridade em Campo Grande. Vargas diz que, a partir de hoje, os policiais estão orientados a preservar a vida em primeiro lugar e depois responderem à lei.
“E vamos repensar a respeito dessa lei e do emprego de algemas. Infelizmente, o policial vai acabar incorrendo na lei de Abuso de Autoridade, [melhor] do que colocar a sua vida em risco. Essa vai ser a nossa orientação”, finalizou.
Apoio do governador
O delegado disse que o momento é muito triste e que, após os homicídios, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) determinou que todas as forças se unissem logo após a execução dos policiais.
Vargas afirma que o governo do estado prestou todo apoio aos policiais
Sepultamento
Jorge será sepultado às 9h30 no cemitério Jardim da Paz, saída para Sidrolândia.