Polícia

05/06/2020 09:47

SOFRIMENTO DE MÃE: "Pedi para Jesus tirar minha vida e dar a ele", diz Mirtes

Miguel, de 5 anos, caiu do nono andar após a patroa deixar o menino no elevador do prédio

05/06/2020 às 09:47 | Atualizado 05/06/2020 às 12:07 Rayani Santa Cruz
Reprodução TV Globo/ Diário Pernambuco

A empregada doméstica Mirtes Renata que perdeu o filho Miguel Otávio, 5 anos, na terça-feira (5) está inconformada. Ela que levou o filho para o prédio de luxo, no bairro de São José, centro de Recife, jamais imaginaria a negligência da patroa, a primeira-dama Sarí Corte Real, em deixar a criança sozinha no elevador.

Miguel morreu após entrar no elevador de serviço atrás da mãe, que havia saído para passear com a cadela da família. A criança caiu do 9º andar. A mãe do garoto detalhou o que aconteceu no dia para o Diário de Pernambuco.

Mirtes conta que ao retornar para o edifício, foi avisada pelo zelador que alguém havia caído do prédio. "Quando eu abri a porta, eu vi meu filho ali, estirado no chão. Meu filho, não deixa mãe, filho. Aí eu peguei, devagarzinho, virei ele. Eu disse meu amor, meu amor, mamãe tá aqui, não deixa mamãe, respira. Toquei nele aqui (pescoço), ele ainda tava tendo pulsações, ele tava respirando, mas assim, ele não piscava, só olhava fixo". 

Em seguida, ela gritou pedindo ajuda à patroa, que desceu e, junto com um médico, morador do edifício, levou Miguel de carro para o Hospital da Restauração. "Não demorou muito não e veio a notícia que meu filho virou estrelinha, que meu filho tá lá junto com Jesus e Maria. Ele tá lá no colinho de Maria. Eu pedi para Jesus tirar a minha vida e dar a ele para ele para ele permanecer vivo porque ele era minha razão de viver. Aquela criança era minha razão de viver. Eu fazia tudo por ele para ter a felicidade dele, para ter o bem estar dele", relata a mãe emocionada. 

A empregada doméstica acredita que "faltou paciência" da patroa. “Se fossem os filhos da minha ex-patroa, eu tiraria. Ela confiava os filhos dela a mim e à minha mãe. E no momento que eu confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar (ele do elevador)". 

"Eu não vou dizer que eu tô com raiva, que eu tô com ódio dela porque a dor pela morte do meu filho tá prevalecendo. Eu vou lutar, eu vou batalhar nem que eu vá morar debaixo da ponte, mas eu vou batalhar pra que a morte do meu filho, meu único filho seja resolvida, que a justiça seja feita", desabafou.