Política

04/06/2020 17:00

Grupo discute fortalecimento do antifascismo em MS e recebe ameaças de extremistas

Lista circulando nas redes sociais traz nomes, sobrenomes, fotos e endereços das redes sociais dos chamados “antifas” em MS

04/06/2020 às 17:00 | Atualizado 04/06/2020 às 13:43 Diana Christie
Nelson Almeida/AFP

Acompanhando movimentos nacionais, campo-grandenses criaram grupos antifascistas nas redes sociais para fortalecer o movimento em Mato Grosso do Sul e discutir ações pacíficas para combater o radicalismo e obscurantismo que tem tomado o país nos últimos meses.

Uma manifestação chegou a ser marcada para o próximo domingo (7), mas cancelada pelos organizadores que repensaram a possibilidade de aglomeração em tempos de pandemia do novo coronavírus.

Contando já com 4 mil membros, o ANTIFAs CG MS é um desses grupos de discussão e resistência. Apesar de não ser a opinião de todos que participam do espaço, a ideia é promover o debate intelectual sem o uso de violência.

Universitário, um dos administradores resume o projeto. “Esse grupo não quer vandalização, não aceita agressividade, este não é nosso intuito. Nosso intuito é mais intelectual, não algo agressivo. A gente não apoia a prática agressiva, mas também não tiramos a voz daqueles que querem partir para manifestos mais participativos”.

O rapaz, que terá a identidade preservada para evitar ataques, revela que a bandeira antifascista é a principal, mas outros assuntos também devem ser debatidos. Entre eles, o resgate dos símbolos nacionais, como a bandeira do país que ficou bastante associada aos bolsonaristas.

“Nós também vamos trabalhar com a bandeira do Brasil, que essa é a nossa nacionalidade, nós temos que tomar a bandeira para nós, somos do Brasil, nós somos brasileiros e não somente antifascistas. O nosso grupo é um grupo geral, abrange muitas áreas”, enfatiza o jovem.

Ficha de antifascista de MS criada por extremistas - Foto: Reprodução 

Ataques e ameaças

O trabalho, por enquanto restrito ao ambiente virtual, já recebe ataques e ameaças. Administrador do grupo conta que mesmo que a turma seja contra quebrar as coisas, fazer linchamentos, entre outros atos violentos, isso não impede que os grupos contrários façam isso.

“A gente está sofrendo ameaça. Nós temos prints, temos conversas, minha foto foi parar em um grupo do Bolsonaro e de extremistas. Não é legal essa pressão, sabe, mas a gente leva isso na tranquilidade porque a gente não fez nada demais. A gente não pode ficar se preocupando com isso, só teme quem fez”, relata.

Lista circulando nas redes sociais traz nomes, sobrenomes, fotos e endereços das redes sociais dos chamados “antifas” de todo país. Em pesquisa rápida, ao menos cinco nomes de sul-mato-grossenses estão na mira de extremistas, entre moradores de Campo Grande, Dourados, Corumbá e até Miranda.

Eles estão relacionados conforme a participação nos movimentos antifascistas. Os critérios começam com a criação e administração de páginas do movimento, mas incluem até quem apenas curtiu “várias” páginas a respeito. Ainda não se sabe ao certo o que os extremistas pretendem fazer com a lista.

PM usou gás lacrimogênio contra manifestantes na Av. Paulista - Foto: TV Globo

Movimento antifascista

De origem esquerdista, o movimento antifascista tem como principal característica combater o autoritarismo, usando ou não a força. A questão ganhou bastante força com os protestos nos Estados Unidos, após um ex-segurança negro ser asfixiado até a morte por um policial branco.

Como o movimento tem formas diferentes em cada país, no Brasil ele vem sido levantado por pessoas que acreditam na democracia e querem mudanças na forma de administrar do presidente Jair Bolsonaro. Por aqui, os protestos começaram com as torcidas organizadas, que realizaram atos na Avenida Paulista, em São Paulo.