Polícia

02/03/2020 11:09

Mãe de professora assassinada por guarda pede justiça: 'bandido de farda'

Ela está desolada e diz que deviam ter tirado arma do guarda quando a filha pediu medida protetiva

02/03/2020 às 11:09 | Atualizado 02/03/2020 às 17:42 Rayani Santa Cruz e Willian Leite
Marisa Rodrigues da Silva, mãe da vítima - André de Abreu

Desolada, Marisa Rodrigues da Silva, mãe da professora Maxelline da Silva dos Santos, 28 anos, está revoltada, pois a filha havia tomado todas as providências relacionadas às ameaças, mas nada adiantou. Ela disse que, mesmo após a agressão, registro de ocorrência, pedido de medida protetiva e ligações da professora aos setores da Guarda Civil Metropolitana, para avisar sobre as ameaças do servidor, a arma dele não foi retirada e nada foi feito. 

“Eu quero justiça e mais proteção para as mulheres, porque não tem. Por que deixaram um bandido de farda fazer isso com três famílias? Ele é experiente e deu três tiros na minha filha e nos amigos que não tinham nada a ver”, desabafou a mãe chorando .

Marisa acompanha o enterro da filha e contou que, ao ser agredida no dia 17 de fevereiro, a professora estava somente com roupa de dormir e chegou sem chinelos na Casa da Mulher Brasileira, teve um cobertor doado para se cobrir. Ela fugiu do ex-namorado, o guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, 35 anos, que espancou a recém-formada na residência dela. 

A professora teve a ajuda de um vizinho para escapar. Segundo a mãe dela, enquanto a família aguardava atendimento na Casa da Mulher Brasileira, o guarda teria retornado à residência e ameaçado a vizinha [família que ajudou] por duas vezes. 

A família da professora tentou tomar certos cuidados. Maxelline parou de ir trabalhar com a motocicleta para evitar encontros com o agressor e passou a usar ônibus coletivo, além de alternar horários. 

A mãe da vítima afirma que a professora ligou no setor administrativo da Guarda Civil Metropolitana e informou sobre o registro de ocorrência, ameaças e agressões, mas teve como resposta “que o guarda era exemplar”.

Ela sentia que o fim estava próximo e esperava que o setor, pelo menos, retirasse a arma de fogo de Valtenir, mas novamente não adiantou.

Para ela, o guarda é dissimulado e teria até pedido desculpas à família em outras ocasiões, sempre demonstrando carinho com a filha na frente de outras pessoas. 

Ela conta que existe um carro de propriedade da vítima que está sumido, a desconfiança é que esteja com o suspeito. A mãe teme que não haja justiça, e diz que, mesmo se houver, nenhum tipo de justiça terrena vai remediar a situação. A filha não está mais com ela. 

“Minha filha era cheia de vida. Havia se formado e seria professora. Ele fez essa barbaridade com ela. Aí, ele se esconde e agora vai se apresentar com advogado. Um verdadeiro bandido de farda. Não é vingança e sim um pedido de justiça! A lei deve ser respeitada”, desabafou Mariza. 

O caso

Ela foi assassinada com um tiro na cabeça durante um churrasco entre amigos durante a madrugada, pelo ex-namorado, o guarda municipal Valtenir Pereira da Silva, 35 anos. O crime ocorreu na Rua Aruajá, no Loteamento Nova Serrana, próximo ao Jardim Noroeste. Steferson Batista de Souza, 32 anos, levou um tiro no tórax e também morreu.