17/12/2019 17:00
De desconto no Dpvat a empurrão no padre, MS teve ano lotado de fake news
Teve até gente que usou o argumento para justificar reclamações sobre serviços
Logo ao início do ano em janeiro, o Detran (Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul) teve que esclarecer aos usuários que o pagamento antecipado do seguro DPVAT não garantia desconto. A medida foi tomada depois de mensagens com a fake news ser espalhada em grupos de WhatsApp de campo-grandenses.
No mês de março, a senadora Soraya Thronicke (PSL) divulgou fake news, envolvendo o ex-ministro da Educação, Ricardo Veléz. Ela compartilhou post dizendo que ele havia sido demitido e foi desmentida pelo presidente Jair Bolsonaro praticamente na mesma hora.
(Publicação no Twitter)
Tudo ocorreu via Twitter e, ao fim, a senadora pediu desculpas.
Em abril, o vereador Eduardo Cury (em partido) passou vergonha ao publicar conteúdo da vereadora assassinada Marielle Franco. O post dizia que o PSOL deixou de cobrar providências do caso ao saber que os assassinos seriam ''bandidos comuns''. Matérias de grandes jornais do país e o próprio partido desmentiram a informação.
Em agosto, uma fake news usou foto tirada em Campo Grande e viralizou no Brasil inteiro. Uma página do Facebook dizia que um motorista tinha adesivado o carro com designação de autoescola para dirigir sem CNH e não ser parado.
A imagem de um policial de trânsito de Mato Grosso do Sul abordando o condutor de um carro de autoescola, na Rua Doutor Euller de Azevedo, na Capital de MS, foi compartilhada nas redes, ganhando destaque.
Julho foi a vez do site “Sentimento da Alma" espalhar fake news usando a foto de uma campo-grandense no lugar de agressora de Marcelo Rossi.
A campo-grandense Larissa Carla Martinelli, 31 anos, foi associada à mulher que empurrou o padre do palco em uma missa em São Paulo. Porém, Martinellli morreu na madrugada do mesmo dia, vítima de mal súbito em uma tabacaria no Jardim dos Estados, na Cidade Morena.
(Foto: Reprodução Facebook)
Políticos
A estratégia de usar notícias falsas para população formar opinião e digladiar o alvo já é bem conhecida. E o prefeito Marquinhos Trad (PSD) sentiu isso na pele um ano antes das eleições 2020.
Grupos e perfis com fakes criados nos Estados Unidos passaram a disseminar notícias em Whatsapp. A fake se dizia da Associação Nacional dos Servidores da PF e afirmava que Marquinhos teria recebido repasse milionário da JBS. A notícia não existe, assim como investigação contra o prefeito.
Marquinhos acionou a PF, que investiga também os administradores dos grupos.
O PSL-MS também se envolveu em acusações mútuas de invasão de dispositivo celular e fake news. Ao mesmo tempo em que o deputado estadual Coronel David alegou invasão de hacker no aparelho, sugeriu que a mandante poderia ser a senadora Soraya Thronicke.
A briga na sigla ocorre desde as eleições 2018 e isso bastou para o grupo de Soraya, composto pelos deputados Loester Trutis e Renan Contar, o acusassem de divulgar fake news.
O deputado acionou a Polícia Civil e garantiu que foi hackeado, tendo um vídeo que o denegria espalhado para seus contatos e redes sociais.
No mês de outubro, a Energisa disse que reclamações e revolta da população em Mato Grosso do Sul eram impulsionadas por fake news. O Diretor da concessionária, Marcelo Vinhas, alegou que notícias falsas de Rondônia causaram a movimentação em MS. A concessionária foi alvo de abertura de CPI na Assembleia após aumentos repentinos nas contas e possíveis fraudes em medidores.
(Foto: Rayani Santa Cruz)
Em novembro, mensagens de que a escola Estadual Escola Estadual Marçal de Souza - Tupã Y, no Jardim Los Angeles, em Campo Grande, iria fechar deixaram pais e alunos assustados. As fake news foram espalhadas, logo após o anúncio de que o local faria parte do projeto de escolas cívico-militares.
A situação foi desmentida pela SED (Secretária Estadual de Educação).
Falando em escolas, diversos municípios foram alvos de falsas ameaças de massacre e atentados.
Fechando o ano, em dezembro os deputados federais Fábio Trad (PSD/MS) e Rose Modesto (PSDB/MS) finalizaram os trabalhos alvos de notícias fake.
(Foto:Vinícius Loures/Câmara dos Deputados)
Ao início a informação de uma suposta queda de avião que teria causado a morte da deputada federal Rose Modesto foi enviada a diversos aparelhos celulares. A parlamentar saiu de Campo Grande no dia 2 de dezembro rumo à Brasília e desembarcou tranquilamente no aeroporto.
''Foi um voo tranquilo. Desci em Brasília há pouco. Isso é alguma informação destorcida. Graças a Deus estou bem'', disse a deputada, claro, viva.
Posteriormente o deputado Fábio Trad, que votou sobre o fundo eleitoral na Câmara, teve de se explicar depois de fakes. Segundo o parlamentar, aqueles que votaram para rejeitar o veto da presidência permitem a redução do fundo eleitoral, não o contrário.
“Está havendo um grande equívoco técnico e conceitual. Quem votou para rejeitar o veto, votou para permitir a redução do fundo eleitoral, por isso que a bancada do partido Novo votou dessa forma, porque é contra o aumento das despesas públicas, eu votei assim. Quem votou para manter o veto não permite redução do fundo”, explicou.