Polícia

18/10/2019 10:44

Operação faz buscas na casa de juiz investigado por venda de sentenças e mais 5

MPE apura crimes de associação criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa de testemunhas

18/10/2019 às 10:44 | Atualizado 19/10/2019 às 08:16 Diana Christie e Vinícius Squinelo
Aldo e a sogra - Reprodução/Facebook

Operação deflagrada pelo Ministério Público Estadual, nesta sexta-feira (18), cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao juiz afastado Aldo Ferreira da Silva Junior.

Também são vasculhadas as casas e escritórios de Pedro André Scaff Raffi, Jesus Silva Dias, Wilson Tavares de Lima, Vanja Maria Alves e Aldo Ferreira da Silva, sendo os dois últimos sogra e pai do magistrado em investigação.

O MPE apura crimes de associação criminosa, corrupção passiva e corrupção ativa de testemunhas, além de indícios de lavagem de dinheiro, crimes fiscais, entre outros.

Segundo as investigações, Aldo é suspeito de negociar sentenças de processos que tramitavam na 5ª Vara de Família e Sucessões. Ele teria uma parceria com André Scaff em uma empresa de revenda comercial veicular, que era conduzida por Jesus Silva e Wilson Tavares, amigos de confiança do magistrado.

A venda de sentenças teria ocorrido em, ao menos, duas ocasiões. “[O MPE] Relata que, concretamente, esses fatos ocorreram na ação de inventário n.° 0039567-45.2011.8.12.0001, onde houve solicitação de vantagem indevida de R$ 250.000,00 para autorização judicial de alienação de imóvel inventariado. Diz, além disso, que fatos semelhantes ocorreram na ação de inventário n.° 0801673-60.2015.8.12.0001, onde o magistrado homologou acordo de partilha feito pelas partes dois dias após receber da inventariante, em sua conta corrente, o valor de R$ 34.000,00. Noticia, ainda, outros feitos processuais em tramite no juízo das sucessões, onde foram verificados depósitos feitos pelas partes a pessoas ligadas ao magistrado, sem motivação aparente”, diz trecho da decisão do desembargador Luiz Gonzaga Mendes Marques, que autorizou os mandados de busca e apreensão.

Aldo, André, Jesus e Wilson são suspeitos ainda de oferecer dinheiro e ameaçar uma de duas testemunhas. Homens armados teriam abordado um dos denunciantes para que ele mudasse seu depoimento e acusasse outro juiz.

Pessoas ligadas ao juiz

A sogra de Aldo, Vanja Maria Alves, não está entre os investigados. No entanto, ela é alvo da operação por manter transações bancárias incompatíveis com sua renda.  “No que se refere à sogra do referido investigado, os elementos decorrentes das quebras dos sigilos bancário e telemático revelaram transações financeiras suspeitas entre Aldo e Vanja, notadamente pelo elevado valor de transferências realizadas entre eles, sem indicativos de que Vanja possua ocupação empresarial que lhe dê suporte financeiro compatível com o volume financeiro movimentado”.

O pai de Aldo também não consta na lista de suspeitos, mas terá os endereços checados por ser sócio da empresa Mana Agropecuária Ltda, onde Jesus tinha trabalho fixo.

Também serão levados para prestar depoimentos: Renata Auxiliadora da Silva Miranda e Jorge, Maria Elisa Hindo Dittmar, Mario Marcio Yule, Zouhair Gorgis Admou, Mauro Nascimento de Moraes, Helio Ishiyama Correa, Robson Monteiro Padial e Alfredo Marcondes Gimenez.

No caso, o desembargador justifica que, “segundo os elementos colhidos a partir da quebra dos sigilos bancários dos investigados, foi possível observar que as referidas pessoas, partes em processos em trâmite no juízo de sucessões, efetuaram, sem justificativa aparente, depósitos de grandes quantias financeiras em favor de pessoas ligadas a Aldo, magistrado titular do referido juízo, o que levanta a suspeita da prática de possíveis crimes de corrupção passiva, com indicativos de que o juiz possa ter solicitado vantagem indevida para proferir manifestações judiciais favoráveis nas ações das quais eram partes os mencionados depositantes”.