Interior

15/10/2019 07:00

Criticado por Olavo de Carvalho, professor de MS é perseguido por bolsonaristas

O impasse começou depois que ele fez críticas à Ditadura Militar

15/10/2019 às 07:00 | Atualizado 15/10/2019 às 10:01 Rayani Santa Cruz
Divulgação

O professor e advogado Tiago Botelho, da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), teve que entrar com processo na Justiça, após receber ameaças e ter o nome envolvido em divulgação de fake news. Tudo isso, devido a posicionamento repudiando a ditadura militar.

A confusão começou depois do cancelamento da exibição do documentário “1964: Brasil entre armas e livros”, no campus. 

Segundo o professor, não foi o conteúdo da película que causou a proibição e sim a falta de segurança. O evento em si era polêmico e poderia causar violência devido ao impasse de ideologias de esquerda e direita. A UFGD produziu nota e documentos justificando o fato.

Os organizadores do evento são alunos e administradores da página UFGD Conservadora. O cancelamento causou a irritação de alguns que culparam o professor por causa de uma fala durante expediente no Conselho Universitário. 

Depois disso, um vídeo contendo falas de Tiago passou a ser disseminado entre acadêmicos e em outras páginas conservadoras, gerando ameaças a ele, e ganhando destaque nacional, sendo até compartilhado por Olavo de Carvalho

Botelho explica que o vídeo fora editado e tentava dar conotação de que ele havia chamado os alunos de racistas e fascistas. Ele nega e diz ser a favor da democracia em todas as circunstâncias.

A fala e ação judicial

Botelho teria se referido ao documentário dizendo: "[...] sempre temos que lutar pela liberdade de cátedra. Ainda que a liberdade de cátedra não seja absoluta. Na democracia, tudo tem que ser relativizado; racismo não é opinião, é crime, fascismo não é opinião, é crime, ditadura militar não é opinião, é crime".


(Professor da UFGD, Tiago Botelho- Foto: Reprodução Facebook)

Um dos administradores da página chegou a entrar com denúncia contra o então reitor da UFGD, Márcio Barros, no Ministério da Educação. Ele alegou perseguição ideológica e censura política.

De acordo com o mestre, após o furor entre acadêmicos bolsonaristas, as perseguições continuam e ele acabou entrando com ação judicial, com pedido de indenização pedagógica para compra de livros.

“Estou me sentindo perseguido como professor, cidadão e como advogado. Eu desafio qualquer pessoa que assista ao vídeo chegue à conclusão de que eu chamei alunos de racistas, fascistas e homofóbicos”, diz.

Outros professores do Estado, advogados e o grupo Juristas pela Democracia de Mato Grosso do Sul estão apoiando Tiago Botelho e emitiram nota de apoio.