05/09/2019 07:00
ATÉ BOLSONARISTAS: bancada de MS ‘tritura’ proposta para recriar CPMF
Nem parlamentares aliados ao governo de Bolsonaro querem o retorno do imposto
Há a possibilidade de o governo federal encampar a ideia de recriar o imposto federal sobre transações financeiras parecida com a extinta CPMF, conforme vem declarando o ministro Paulo Guedes (Economia).
Mas na bancada de Mato Grosso do Sul, nem mesmo os correligionários do governo de Bolsonaro (PSL) estimam o propósito, como o deputado federal Doutor Luiz Ovando. Ele diz ser “contra” a medida, mas que prefere "estudar o assunto antes de emitir opinião” efetiva.
A intenção de ressuscitar a CPMF integra o pacote da reforma tributária que o governo federal vai enviar ao Congresso, amplamente defendida pelo ministro Guedes.
O retorno do tributo, se tocado adiante, viria disfarçado. A contribuição seria um meio de contrabalançar a redução cobrada das empresas sobre a folha de pagamentos.
OPINIÕES
Beto Pereira, deputado federal do PSDB, disse ser "totalmente contrário" à contribuição extra.
"Nós estamos hoje num momento de exaustão da carga tributária, os cidadãos brasileiros não suportam mais ter nenhum imposto incidindo em seu cotidiano. Então, vejo que não prospera dentro da casa a criação ou a reedição da CPMF", disse o parlamentar.
Colega de partido de Beto, a deputada federal Rose Modesto, afirmou “ser contra o retorno da CPMF ou imposto equivalente”.
Ela quer, pelo contrário, derrubar o número de impostos.
“Eu defendo a redução da quantidade de tributos, por isso a reforma tributária em discussão é muito importante. Temos de desonerar o brasileiro, do trabalhador ao empresário, não criar um novo imposto. Nesse processo precisamos garantir a redução da carga tributária do setor produtivo, o que na prática vai beneficiar MS ao tornar os produtos do Estado mais competitivos, além de possibilitar novos empreendimento”.
MAIS ‘NÃOS’
Fábio Trad, deputado federal do PSD, também reprime o plano da recriação:
“Sou contra a recriação do CPMF. Nada justifica o novo tributo, que é altíssimo no Brasil. Entendo que o governo tem que ser mais criativo e operoso para encontrar a solução, que não passe pela exacerbação da carga tributária vigente”.
O deputado federal Dagoberto Nogueira, do PDT, amplia a relação dos contrários à CPMF:
“Sou contra porque o país não aguenta mais impostos. Nossa carga tributária é muito alta. Esse governo gasta muito mais do que aquilo que deveria e acha que quem tem de bancar tudo isso é o consumidor brasileiro. Então, somos contra, vou votar contra.
SENADORES
O senador Nelsinho Trad, do PSD, cujo partido é parceiro do presidente, também rechaçou o propósito do ministro: “qualquer medida que venha aumentar a carga tributária do povo brasileiro, sou contra. Nesse sentido não terá meu apoio qualquer intenção de retornar a CPMF”.
A senadora Simone Tebet (MDB) acha improvável que o Congresso concorde com a proposta. Ela disse não “ver clima e que povo brasileiro” não suporta mais pagar impostos. “A aprovação é muito difícil”, disse a parlamentar.
NO DISCURSO
Ao menos no discurso, o próprio presidente Jair Bolsonaro deixou a entender, numa declaração dada ao jornal Folha de S. Paulo, que vê com reservas a proposta.
“Já falei para o Guedes (ministro): para ter nova CPMF, tem que ter uma compensação para as pessoas. Se não, ele vai tomar porrada até de mim”, afirmou o presidente.
NA ESPERA
O TopMidiaNews tentou ouvir todos os parlamentares da bancada do MS nos últimos, contudo nem todos emitiram suas opiniões, ou por não terem sido localizados, ou que não retornaram às ligações.
Vander Loubet, deputado federal do PT, normalmente segue a recomendação do partido, que já se manifestou contra a CPMF. O PSDB, da deputada Bia Cavassa, também mostra-se desfavorável à proposta e ela deve seguir a orientação da legenda.
O deputado federal Tio Trutis, do PSL, partido ainda de opinião indefinida acerca da reedição da CPMF, é outro que, normalmente acompanha o partido nas votações.
A senador Soraya Thronicke, que já declarou ser contra a criação de impostos, também deve seguir a orientação o interesso da silga.
Caso os parlamentares queiram declarar suas impressões acerca do caso, o jornal vai publicá-las assim que manifestadas.