13/08/2019 07:30
'Morreu nos braços do avô', lamenta tia de jovem jogador morto a tiros
Familiares acusam PMs de terem atirado à queima-roupa no atleta
Parentes do jogador de futebol Dyogo Xavier Coutinho, de 16 anos, estão inconsoláveis pela morte do jovem atleta do América. A família de Dondom, como era conhecido entre amigos, acusa policiais militares de terem atirado nele durante uma operação na comunidade da Grota, em São Francisco, em Niterói.Eles esperam que os responsáveis pelo crime sejam punidos.
"Não sei se ele foi confundido, porque não tem como confundir um menino tão saudável com uma chuteira na mão", critica Marli Correa, 64, tia de Dyogo. "Ele ia jogar bola diversas vezes por semana no Rio. Estava passando tranquilamente para pegar o ônibus na Estrada da Cachoeira quando foi pego de forma absurda, sem profissionalismo (por parte dos policiais) e de forma absurda".
Familiares dizem que o jogador foi morto à queima-roupa. A tia comentou que o avô, por quem o rapaz foi criado e que trabalha como motorista, estava passando pelo local quando viu o neto caído no chão. "Foi um absurdo, um excesso de um policial que não abordou, que chegou e foi tratando com abuso, de forma absurda", Marli desabafa. "Inclusive, ele morreu nos braços do avô, que estava passando a 15 metros, quando parou e viu o neto, que tinha acabado de ser atingido à queima-roupa".
POLÍTICA DE SEGURANÇA
Colegas que jogavam bola com Dyogo e o técnico do time do rapaz estiveram na Policlínica do Largo da Batalha, para onde Dyogo chegou a ser levado, para se despedir do rapaz. Para a família, fica o desejo de justiça e que as ações adotadas pelas forças de segurança do estado sejam revistas.
"Com essa mudança que os novos governos estadual e federal estão propiciando na área de segurança, esperamos que se atentem mais com os procedimentos ruins. Há que se fazer uma remodelação. Que hajam com mais cautela porque pessoas sãs e bonitas de alma e de coração não podem perder a vida por falta de responsabilidade. Não é que a gente tenha ódio, foi uma perda irreparável, mas a gente confia em Deus. Providências devem ser tomadas e a Corregedoria e o governador precisam agir mais e mais. Tem que haver punição para quem age mal, porque a polícia representa a população. Tem que haver um rigor maior", a tia do rapaz pediu.
Dyogo tinha duas irmãs, uma de 7 e outra de 10 anos, que até o início da noite não sabiam da morte do jogador. A família, evangélica, pretende fazer um culto no sepultamento do rapaz, previsto para a tarde desta terça-feira, no Cemitério São Francisco Xavier, em Niterói.
PROTESTO
Logo depois da morte de Dyogo, moradores da Grota ocuparam ruas do entorno da comunidade. Eles colocaram fogo em pelo menos um ônibus e incendiaram várias barricadas no meio da pista. Procurada pelo DIA, a PM disse que agentes do Comando de Operações Especiais (COE) fizeram uma operação na Grota, além de estarem nas comunidades do Viradouro e da Igrejinha.
"Depois de a operação estar finalizada, chegou ao conhecimento da Polícia Militar que um indivíduo teria sido atingido por disparos de arma de fogo e não resistiu", a secretaria disse, em nota, sem responder às denúncias dos familiares do jogador. A assessoria do governador Wilson Witzel (PSC) disse que ele ainda não iria se posicionar até obter mais informações sobre o caso. Já a a Polícia Civil ainda não comentou o caso.