05/08/2019 07:00
Vai delatar? Giroto vira o último 'gangster' da cela 17
5 colegas do ex-deputado, entre os quais Puccinelli, já ficaram no mesmo xadrez; todos já foram libertos
O ex-secretário de Obras de Mato Grosso do Sul, ex-deputado federal, ex-secretário executivo do Ministério dos Transportes, até 2015, Edson Giroto, tornou-se o único encarcerado por crimes financeiros, supostamente praticados nas gestões do ex-governador de MS, André Puccinelli (MDB).
Ele foi capturado em maio de 2018 e levado para a cela 17 do Centro de Triagem Anízio Lima, em Campo Grande, e condenado a quase dez anos de prisão em março passado, por ter ocultado a compra de uma fazenda no valor de R$ 7,6 milhões. Embora a sequência de recursos judiciais, a prisão dele tem sido mantida.
Além de Giroto, já frequentaram a cela 17 do Centro de Triagem, outras cinco pessoas de calibre igual ao seu no meio político: o ex-governador André Puccinelli; o filho André Júnior; o cunhado do ex-deputado, Flávio Scrocchio; Wilson Roberto Mariano de Oliveira, ex-prefeito de Paranaíba; e também o empreiteiro João Amorim.
Apelações judiciais garantiram a soltura dos cinco, a última delas, concedida na semana passada, que favoreceu Scrocchio. O cunhado de Giroto deve cumprir inicialmente prisão albergue no interior de São Paulo, onde mora.
Investigações, conduzidas pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e Estadual e ainda CGU (Controladoria Geral da União) e Receita Federal, revelaram que no período que MS era governado por Puccinelli (2008-2014) havia um esquema de corrupção que envolvia fraudes em licitações, em execuções de obras e lavagem de dinheiro.
Puccinelli e Giroto, segundo a PF, eram os cabeças da trama. O filho do governador foi preso por ter, segundo denúncia do MPF e MPE, por ter criado uma empresa para captar dinheiro de propina.
Solto em dezembro passado, depois de amargurar cinco meses de prisão, Puccinelli, hoje em dia ensaia seu retorno à política. Ele tem sido visto e fotografado em reuniões com parceiros de legenda, o MDB. Embora liberto, o ex-governador de MS enfrenta processos por corrução e ainda deve ser julgado por tais crimes. Também continuam encrencados com a Justiça o empreiteiro João Amorim, Scrocchio, André Júnior e João Amorim.
ESPECULAÇÕES?
Já há algumas semanas, circulam em Campo Grande rumores de que Giroto estaria interessado em apelar para a delação premiada, meio de abrandar eventuais sentenças. A colaboração com os investigadores, ainda que no campo das especulações, teria deixado ao menos uma parcela de ex-políticos apavorados. Giroto teria se irritado por ter fica preso e os supostos parceiros deram-lhes as costas.