Política

03/07/2019 11:10

Para Fábio, independente de Moro ou Lula, legalidade e Constituição devem ser preservadas

Antes de ministro, Moro, juiz federal, teria transgredido legislação para punir réus da Lava Jato

03/07/2019 às 11:10 | Atualizado 03/07/2019 às 17:02 Celso Bejarano, de Brasília
O deputado federal Fábio Trad - Divulgação

O deputado federal sul-mato-grossense Fábio Trad (PSD), deixou a audiência, ontem, terça-feira (2), da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados, colegiado que questionou o ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) sobre o vazamento de diálogos seus quando ainda era juiz federal mantidos via Telegram com procuradores da República da Lava Jato, certo de que há “indício muito afirmativo de que os dados [conversas] não são falsos”.

O depoimento do ministro começou às 14h e durou até perto das 22h – em torno de 7 horas. E ainda não era para acabar. A sessão foi suspensa logo depois do deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) ter chamado Moro de “um juiz ladrão”. Houve confusão, o ministro levantou-se e foi embora.

Fábio Trad participou da audiência com Sérgio Moro e, na semana passada, na sessão que teve como convidado o jornalista Glenn Greenwald, um dos donos do Intercept e autor das reportagens.

TopMidiaNews peguntou, em Brasília, se Fábio Trad poderia opinar se o juiz, agora ministro, ou o jornalista, poderiam ter mentido ou dito alguma versão ilusória durante às sessões.

“Seria precipitado. O que acho que vai resultar disso tudo, é a questão técnica sobre a autenticidade dos atos. Sérgio Moro alega que não há autenticidade, que o material divulgado é passível de adulteração. Então, é uma palavra contra a outra”, afirmou o parlamentar.

Para Fábio Trad, somente uma prova pericial acabaria com o que chamou de “entrechoque de versões”.

No entanto, o deputado crê em “indícios” de que os dados citados nas reportagens “são verídicos”. O parlamentar se sustenta nessa interpretação porque outros jornais, como a Folha de S. Paulo, por exemplo, também entraram no caso e, disse o congressista, “não refutaram a publicação”.

“É um indício muito afirmativo de que os dados não são falsos”, completou Fábio Trad.

Durante a sessão com Moro, o deputado sul-mato-grossense perguntou ao ministro se ele recordava dos diálogos com procuradores da República, sem apontar o conteúdo. “Ele não respondeu à pergunta formulada e isso não é bom”, disse o parlamentar.

“Sérgio Moro admite comentar a respeito do conteúdo dos dados [publicados] como se fossem dele. Se fossem completamente falsos, o ministro se socorreria com o auxílio de alguns procuradores com quem teria conversado”, contestou Fábio Trad.

Sérgio Moro põe em dúvida a autenticidade dos diálogos, contudo, não nega categoricamente que conversava com procuradores da República.

Para o deputado, se ele tivesse a certeza que o Intercept tivesse adulterado o conteúdo das conversas que pedisse ajuda de algum procurador que não tivesse apagado as mensagens.

“Não podemos nos dar ao luxo de termos heróis. Nós temos de nos comprometer com princípios de valores. Está em jogo aqui o devido processo legal para ver se o valor constitucional foi ou não respeitado”, disse o parlamentar, que acrescentou:

“Se ficar provado que não foi respeitado ainda que com o pretexto de combater a corrupção – a justiça não justifica os meios – as consequências jurídicas devem ser aplicadas na sua totalidade”.