Polícia

01/07/2019 07:30

Desafiando a Polícia, foragido por estupro de sobrinhas circulava por Aquidauana e Anastácio

Até um perfil no Facebook o suspeito criou, mas com outro nome, ostentando na foto de capa, uma certidão criminal de ‘Nada Consta’

01/07/2019 às 07:30 | Atualizado 01/07/2019 às 11:35 Da redação/JNE Diário
Reprodução/JNE Diário

Com semblante aliviado, uma senhora de 54 anos recebe a reportagem em sua residência, no Nova Aquidauana. O motivo? Ver o homem que foi casado há mais de 15 anos com sua filha atrás das grades, acusado de estuprar duas de suas netas, até então sobrinhas dele. Valdir Vieira da Silva, 40 anos, foi preso pela Polícia Militar na manhã da última sexta-feira (28), enquanto circulava tranquilamente pelas ruas de Aquidauana, fato este que revoltava a família.

A certeza da impunidade fez Valdir desafiar a Justiça e a Polícia, ao transitar por Aquidauana e Anastácio, inclusive frequentando uma igreja evangélica. Até um perfil no Facebook criou, mas com outro nome, ostentando na foto de capa, uma certidão criminal de ‘Nada Consta’, em seu verdadeiro nome. O que “Evangelista Neto”, assim ele se apresentava na rede social, desconhecia é que, enquanto não há condenação, nada constará mesmo. Mas seu mandado de prisão já havia sido expedido desde dezembro de 2018.

A cara-de-pau de Valdir vai além. Ele teve a audácia de enviar uma solicitação de amizade para a vítima mais nova, mas não esperava que, quem monitora as redes sociais da menina é sua avó. “Isso me deixou revoltada, sem poder fazer nada. Estava temendo pela vida das minhas netas, já que ele estava tão abusado com essas atitudes. Chegou ao nosso conhecimento que ele se gabava, falando para conhecidos que não tinha dado nada para ele”, comentou a avó, revoltada.

Segundo a avó, tudo começou quando a mais velha, hoje com 14 anos, aos 9 anos foi morar com a tia e o esposo, para fazer companhia. Como a tia saía para trabalhar, a menina ficava sozinha com Valdir. “Depois que tudo veio à tona, ela contou que ele a obrigava a assistir filmes pornográficos. Perguntava se ela sabia o que era aquilo, dizia que ia ensiná-la”, contou a avó.

A menina guardou isso por anos, até que voltou a morar na casa dos avós. A sua irmã, hoje com 12 anos, quando tinha 8 anos também foi morar com a tia, já que a parente tinha muito apreço pelas sobrinhas. Esta mais nova continuou com o casal. Valdir e a esposa abriram um bar no mesmo bairro e a mais nova começou a ser abusada pelo “tio”. As vítimas tinham medo de denunciar o homem, pois eram ameaçadas.

O caso veio a tona em dezembro de 2018, já que após uma confusão de família, a avó das meninas acionou a PM. O filho da mulher foi até o bar e comentou com Valdir que a mãe havia chamado a polícia e o acusado, que estava com a sobrinha mais nova, simplesmente fugiu. Foi aí que a família descobriu que a menina tinha acabado de ser violentada por ele, inclusive com machucados evidentes. Devido a isso, a sobrinha mais velha desabafou que também era vítima de Valdir. De imediato o Conselho Tutelar foi acionado e encaminhou as irmãs para exames de Corpo de Delito em Campo Grande, onde foi comprovado que a mais nova havia acabado de ser violentada e a mais velha tinha sinais de abuso há tempos.

Diante da materialidade dos fatos, o delegado titular da Delegacia da Mulher na época, Wilkson Vasco, que também cuida de casos que envolvem menores, pediu a prisão de Valdir, que foi acatada pela Justiça, e desde então o homem estava foragido, sendo preso pela Polícia Militar nesta sexta-feira. Para uns ele dizia que não tinha dado nada para ele, mas ficou extremamente nervoso ao ver a equipe de militares. Ao ser abordado, foi constatado seu mandado de prisão em aberto.

A avó, apesar de aliviada, teme que Valdir saia da prisão, mas afirmou que irá lutar para que ele seja responsabilizado pelos estupros. As meninas atualmente recebem acompanhamento psicológico e atendimento do Conselho Tutelar.