Política

há 5 anos

Confidência: Nelsinho diz ter evitado advocacia por ver pai chorar em casa

Advogado Nelson Trad pai, disse o filho médico, caiu no choro depois de derrota em julgamento

23/06/2019 às 18:10 | Atualizado 22/06/2019 às 09:19 Celso Bejarano, de Brasília
Arquivo Pessoal/Facebook

O senador Nelson Trad Filho (PSD), o Nelsinho, fez uma revelação nesta semana: disse ter optado pela medicina (é urologista), embora o apelo do pai que o queria na advocacia, por ver na adolescência uma cena que o marcou. Ele afirmou ter visto o pai, que era advogado, chorar em casa, logo depois de ter perdido em julgamento uma causa que defendera no fórum de Campo Grande.

A declaração ocorreu nesta quarta-feira (19) à tarde, em Brasília, no depoimento do ministro Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública) aos integrantes da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça).

Moro foi ao Senado porconta própria depois que o site noticioso Intercept Brasil revelou troca de mensagens entre ele, no período que era juiz federal, com procuradores da República que atuavam na operação Lava Jato.

Pelo material, Moro teria agido de maneira parcial nas sentenças aplicadas. O agora ministro foi quem condenou o ex-presidente Lula. Por norma judicial, juiz não poder orientar ou instruir envolvidos na causa.

O senador recordou o episódio do pai, um renomado criminalista, logo no início da pergunta ao ministro. Ele fez uma relação do empenho do ministro na magistratura e a dedicação do pai na advocacia.

Nelson Trad afirmou ainda que via no depoimento de Moro algo de positivo. Para o senador sul-mato-grossense, o desfecho das reportagens indicando supostos diálogos entre o então juiz e os procuradores da República, proibido por regra judicial, pode servir de exemplo aos magistrados que atuam hoje em tribunais.

No caso, a encrenca que se meteu Sérgio Moro, pode ser um marco no Judiciário indicando o que um juiz pode, ou não, fazer

Nelson Trad foi deputado federal por duas décadas e morreu em 2011, aos 81 anos de idade.

A sessão com Sérgio Moro durou nove horas e, para Simone Tebet (MDB), senadora de MS, presidente da CCJ, foi tida como "satisfatória".

Logo depois da divulgação da reportagem das mensagens trocadas juristas entrevistados pela imprensa nacional disseram que as decisões de Moro podem ser contestas e, alguns, sugeriram inclusive a saíde dele do ministério. 

Na audiência, o ministro afirmou que só deixaria o ministério caso fique provado que seus diálogos, cuja autentidade contesta, tenha comprometido  suas decisões.