30/05/2019 10:20
'Não estava procurando encrenca, a encrenca me achou', dispara Moon durante depoimento
Policial é acusado de matar o empresário Adriano do Nascimento
O policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon afirmou, durante julgamento onde é acusado de matar o empresário Adriano Correia do Nascimento, em 2015, que não 'procurava encrenca'. No Tribunal do Júri, o PRF afirmou que 'não estava procurando encrenca', mas que a 'encrenca' o teria achado.
Ricardo contou a sua versão dos fatos que vitimou Adriano Correia do Nascimento e detalha como teria começado a briga. "Parei o carro depois de observar que ele estava na faixa do meio. Ele manobrou e parou atrás de mim e me senti ameaçado", contou.
E continuou afirmando que teria se identificado como policial. "Para não ficar de costas para o perigo, desci e me identifiquei como policial. Peguei a lanterna de bolso, apontei, iluminando os passageiros. Vi oi Adriano e o Agnaldo, mandei levantarem as mãos e não obedeceram. E continuei dando ordem e vi o Vinicius agachado como se tivesse manuseando algo. Mandei ele mostrar as mãos, ele falou que não ia mostrar nada. Agnaldo falou que não teria que mostrar 'porra' nenhuma. Os três estavam agitados, com olhos vermelhos e percebi que não era ação criminosa e sim pessoas alcoolizadas".
O PRF ainda disse que teria questionado se trio havia ingerido bebidas alcoólicas. "Perguntei se beberam. Agnaldo ficou falando que era eu que tinha bebido e falei que mostrava identificação depois. Minha identificação era de papel dentro da carteira, não dava pra tirar na hora. Falei pro Adriano que bebeu e não poderia estar dirigindo e Agnaldo ficava me afrontando", relatou.
Diante da situação, o PRF teria ligado para pedir apoio. "Liguei para Polícia Militar. Expliquei situação, pedi reforços, pedi o bafômetro. Agnaldo gritava que era eu que ia fazer e Agnaldo e Vinícius saíram do carro quando eu falava com a PM".
Moon afirma que Agnaldo e Vinicius teriam avançado. "Avançaram contra mim, dei passo para trás e saquei a pistola temendo pelo meu bem-estar e proferi palavras de ordem. Mandei manter distância, eles voltaram carro. Cheguei perto Adriano, ele falou que ia embora. Falei que não ia, só depois da PM chegar. Adriano falou: 'foda-se, vou embora'. Fui para frente carro para tirar foto da placa, quando manuseei o celular, o Adriano avançou com carro, acelerou, bateu no meu joelho e me debrucei capô do carro".
Segundo ele, Adriano teria acelerado o carro 'violentamente'. "Eu ia morrer atropelado. Daí atirei, o carro passou e bateu no poste que caiu. Aí eu liguei para o 191 e pedi ambulância. Guardei o celular e a arma. Entrei carro e fui para local".
Já no local em que estavam as vítimas, Moon contou o que viu. "Chegando lá, Agnaldo estava no chão gritando e me chamando de assassino. Vinicius saia pela porta, pulava janela e vi que tinha sangue na perna. Saiu gritando, me xingando, mandei deitar que tinham chamado a ambulância. Eles se abraçaram no chão, aí veio viatura. Fiz sinal e me viram, me apresentei, eles recolheram minha arma e me recolheram na viatura. Fiquei sob custódia".
A magistrada vez algumas perguntas para Moon e que afirmou que de início tive medo de ser assalto ou execução. "Atuei como policial civil em São Paulo. Cada abordagem é um caso a parte. O correto é sempre zelar pela segurança nossa e da equipe. Eles deveriam ter acatado a voz de comando, eu não dei voz de comando porque eles estavam descontrolados".
E afirma que tentou convencer motorista a não deixar local. "Não pensei que eles agiriam daquela forma, normalmente pessoas obedecem policial, só bandidos criminosos que não. Se eu soubesse que isso tudo ia acontecer, não teria abordado. Eu não estava procurando encrenca, a encrenca me achou. Eles não estavam respeitando o fato de eu ser policial e não poderia atirar pneu. Isso é proibido por portaria".