Política

05/04/2019 11:53

Brasil não pode colocar 80% da economia nas 'mãos' da China, diz Tereza Cristina

Ela defende que o país abra a economia, mas protegendo os produtos brasileiros

05/04/2019 às 11:53 | Atualizado 06/04/2019 às 13:29 Rodson Willyams
Rodson Willyams

A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, disse, na manhã desta sexta-feira (5), durante evento realizado para produtores rurais e empresários no Parque de Exposições Laucídio Coelho, que o acordo bilateral entre Estados Unidos e a China pode afetar a economia no Brasil. No entanto, destaca que o país precisa abrir o seu mercado para se tornar mais competitivo internacionalmente.

Durante o evento, a ministra, que está há 90 dias no cargo da Agricultura, chegou até confundir a pasta com a da Economia. "Mas se fosse, talvez seria até melhor", disse sem se fazer de rogada. Mas pontuou que o Brasil não pode deixar grande parte de sua produção nas mãos da China. "Não podemos deixar 80% da nossa cesta para China, nós temos que diversificar ainda mais os nossos produtos".

Mesmo após a gafe, ela ressaltou as ações do colega, ministro da Economia, Paulo Guedes. "Ele é liberal, tem a missão de proteger o mercado, mas liberar para o mundo. Nós não podemos ficar fechado a vida toda".

Tereza ainda pontuou que, quando recebe um embaixador ou ministro de países estrangeiros, sempre coloca uma pauta em discussão. "Outro dia recebi o embaixador da Noruega. Ele disse, 'olha nós estamos exportando bacalhau para o Brasil, mas poderia aumentar'. Daí falei para ele: 'mas nós também queremos aumentar mais a exportação de carne bovina para a Noruega'. Então, nós temos fazer o nosso dever de casa".

Dificuldade de mercado

A ministra ainda reafirmou que a imagem do Brasil no exterior 'é muito ruim'. "É muito ruim lá fora. Mas nós vamos encaminhar mais informativos para as embaixadas brasileiras. Muitos não têm conhecimento do Brasil rural e nós precisamos falar de igual para igual e com vanguarda".

Tereza ainda pontuou que o Brasil precisa vencer algumas barreiras como problemas de custos e de infraestrutura. "Nós não temos como competir, por exemplo, com os Estados Unidos. Lá eles já têm porto, hidrovia, ferrovia, rodovia, tudo de excelência. A Argentina, a geografia do país 'é de cumprido', é bem mais fácil. É diferente do Brasil que tem dimensões continentais e fica mais difícil".

Mesmo diante das dificuldades, a ministra ainda garante que o Brasil está com uma oportunidade de ouro no momento. "A China está com um problema sanitário. Então, nós não podemos deixar nada acontecer aqui. Um exemplo, a Argentina apresentou uma doença no cultivo da maça, nós tivemos que jogar pesado, porque aqui não existe há 20 anos".

E finalizou: "a nossa missão é vigiar a sanidade animal, cuidar da qualidade dos alimentos e da segurança alimentar".