Feminicídio

29/03/2019 17:42

Assassino de Mayara Amaral é condenado a 27 anos e 2 meses em regime fechado

Após oito horas de julgamento, júri popular considerou todas as qualificadoras para aumentar punição ao autor do crime; defesa vai recorrer

29/03/2019 às 17:42 | Atualizado 30/03/2019 às 09:30 Amanda Amaral e Nathalia Pelzl
André de Abreu

Foi condenado a 27 anos e dois meses em regime fechado Luís Alberto Bastos Barbosa, autor confesso do assassinato da musicista Mayara Amaral. O julgamento aconteceu desde as 8h da manhã desta sexta-feira (29), um ano e oito meses após o crime, e se encerrou por volta de 17h.

Luís foi condenado por unanimidade pelo homicídio qualificado por feminicídio e uso de meio cruel, mesmo que o réu não tivesse antecedentes criminais. Para o crime, a pena foi de 23 anos e seis meses, atenuada em seis pela confissão do assassino. 

Pelo furto de bens da vítima, entre eles veículo, notebook, violão, guitarra, amplificador de som e mochila, foi condenado a dois anos e 40 dias. Um dos sete jurados votou contra a condenação pelo crime.

Pela destruição de cadáver, que incendiou e deixou em uma área rural, a pena estabelecida foi de dois anos e dois meses de reclusão. 

A pena trouxe alívio à mãe de Mayara, Ilda Cardoso, que acompanhou todo o julgamento. "A Mayara não volta mais, mas agora ele vai pagar um pouco. Me surpreendeu, foi muito mais do que imaginava, o juri agiu pela razão. Foi um crime, foi bárbaro, as provas estavam aí, realmente ele cometeu. Todas as frases do processo ele vai pagar. É um exemplo pro país, continua nossa luta por 20 anos de prisão por pena fechada para feminicídio", disse.

A defensora pública Camila Maues também comemora a decisão. "A defensoria se sente confortável com o resultado, as qualificadoras foram consideradas e a dosimetria da pena foi muito bem elaborada. Acredito que a Justiça foi muito bem aplicada, os jurados estão de parabéns pela resposta à sociedade, nos preocupa os altos índices de violência contra a mulher no Estado, espero que isso mude de forma mais rápida possível, esses números são um desastre. Há vitimas indiretas, filhos, familiares, que nunca mais vão abracçar essas mulheres", declarou. 

A promotora do Ministério Público Estadual Aline Lopes comemora que foi comprovado o feminicídio e que Luís matou a vítima pelo menosprezo à mulher. "Foi uma decisão muito justa", conclui. 

'Pena exacerbada'

Para o advogado de Luís Bastos, Conrado Passos, a pena de quase 30 anos foi exagerada e a defesa vai recorrer para tentar diminuí-la ou até exigir julgamento substituto. "Vamos impetrar recurso, esse julgamento será nulo. Foi uma manifestação contrária a prova dos autos, foi exacerbada, meu cliente é réu confesso, tem que ter diminuição maior. Estamos preparados e vamos recorrer", afirmou.

 

*Matéria atualizada às 18h para acréscimo de informações