20/03/2019 12:40
ÁUDIO: ‘central de inteligência do PCC’ matou PM e mais 12 estavam na mira da facção
A morte do PM executado no mês passado em MS pode ter acontecido após facção montar central de inteligência
As investigações da polícia concluíram que a execução do policial militar Juciel Rocha, 25 anos, pode ter sido realizada após a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) montar uma central de inteligência para descobrir a rotina dos servidores. Pelo menos 12 pessoas, incluindo diretores e agentes, já estavam na mira dos criminosos.
Conforme a delegada Ana Cláudia Medina, da Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado), dez homens fazem parte da liderança da facção criminosa, entre eles está Maicron Selmo dos Santos, que seria o ‘cabeça’ em realizar a execução do PM em fevereiro deste ano.
(Local onde PM foi morto. Foto: MaracajuSpeed)
A Operação denominada Impetus foi desencadeada na manhã de hoje (20) e pelo menos cinco integrantes do PCC já foram identificados, conforme a investigação da polícia.
“Os cinco recebiam ordens da mais alta liderança da facção, composta por dez presos. Entre eles está o Maicron, que executou o policial em Maracaju e chegou no presídio levando um cargo de liderança do PCC.
(Um dos líderes da facção e assassino do PM)
Investigavam a vida dos servidores
A central sabia toda rotina dos servidores, inclusive os dias de folga, endereços e conhecia os familiares. Eles trabalhavam como a inteligência policial. A primeira ordem era realizar o levantamento de tudo que estava disponível em redes sociais.
“Presos utilizavam fakes para ter acesso a informações e páginas oficiais também. Em um dos celulares apreendidos encontramos um print com a imagem do Diário Oficial, que tinha uma lista de promovidos com matrículas e nomes completos. Após todo levantamento pessoal e profissional dos servidores, a facção tinha apoiadores aqui fora para fazer o monitoramento 24h dessas pessoas”, disse a delegada.
Nesta manhã foram escoltados para a sede da delegacia os presos Augusto Macedo Ribeiro, vulgo Abraão, Laudemir Costa dos Santos; o vulgo Dentinho, Willyan Luiz de Figueiredo; o vulgo Daniel, todos custodiados no presídio. Também foram encaminhados Diego Duveza Lopes Nunes, o vulgo Pitbull, e Wantensir Sampatti Nazareth - o vulgo Inverno, que vieram remanejados da PED de Dourados.
“Verificamos boletins de ocorrência de ameaças a servidores e passamos a acompanhar a movimentação. A intenção era afrontar o Estado”, destacou Ana Cláudia.
Impetus
Os policiais do Batalhão de Choque também estão trabalhando na ação que começou por volta das 5h30 de hoje. De acordo com a polícia, a central do PCC foi montada de forma compartimentada e reservada dentro da facção criminosa, onde presos com funções de liderança criminosa recrutaram internos integrantes do PCC distribuídos entre os sistemas fechado, aberto e semiaberto, e ainda, alguns simpatizantes. Essas pessoas tinham a missão batizada de ‘Salve do Quadro’, para que levantassem de forma sigilosa os mais diversos dados pessoais e profissionais em torno de servidores de segurança pública, que seriam mortos.
A investigação é desenvolvida pela equipe da Deco há quatro meses e concluiu que os membros da central utilizavam as redes sociais para fazer levantamentos sobre a vida dos servidores, como facebook, instagram, twitter, snapchat, bem como fontes oficiais através dos cadastros de dados publicados em páginas oficiais nos mais diversos órgãos públicos e diários oficiais.
De acordo com a Operação, a ordem era começar a assassinar servidores nos próximos dias. A central articulada pelo PCC também foi descoberta em outros estados, mas já teria resultado na execução de três servidores de presídios federais. A central é composta por vinte presos do sistema penitenciário estadual.
Todos tinham função de liderança e serão interrogados e indiciados pelo crime de ameaça e organização criminosa em inquérito policial, que resultou na Operação Impetus, que tem por significado, Contra Ataque.
Ouça o áudio dos integrantes da facção: