Campo Grande

12/03/2019 09:30

Cafetina diz que foi agredida por policiais e forçada a assumir morte de ex-superintendente

Testemunhas de defesa descrevem suspeita como ‘carinhosa’ e ‘trabalhadora’; homem foi apontado por ela como autor do crime

12/03/2019 às 09:30 | Atualizado 12/03/2019 às 15:00 Amanda Amaral e Nathalia Pelzl
Reprodução

Em depoimento à Justiça, Fernanda Aparecida da Silva Sylverio afirma que sofreu agressões físicas por policiais e que isso a levou a confessar o envolvimento na morte do ex-superintendente Daniel Nantes Abuchaim, em novembro de 2018. Sem apresentar detalhes do ocorrido, ela reforça que não foi a responsável pelo crime.

A suspeita, que seria cafetina, está presa em Corumbá e depôs através de videoconferência ao juiz Aluizio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri, nesta segunda-feira (11). Outras quatro testemunhas de defesa também foram ouvidas.

Sua professora da 8ª série em 2005, uma das testemunhas, descreveu Fernanda como uma ‘boa menina’. “Não era de briga, era humilde, carinhosa e comprometida com estudos”, afirmou, dizendo que perdeu contato com a aluna, mas sabia que tinha filho e que era trabalhadora.

Outra testemunha foi moradora do mesmo bairro e afirmou ver que Fernanda era de personalidade dócil, tranquila, nunca foi agressiva e vendia salgados. Outro vizinho disse que a conhecia há dez anos, quando ela tinha um comércio de açaí e afirmou não saber que a acusada tinha histórico de ciúmes.

Uma das hipóteses levantadas pela acusação é de que Fernanda tenha cometido o crime passionalmente, por não gostar da forma que Daniel tratava sua esposa, Patrícia. A acusada nega, afirmando que ela e a vítima eram amigos há mais de um ano.

“Éramos amigos de fazer comida juntos, um ir na casa do outro. Ele levava namoradinhas e eu levava minha esposa”, conta, negando que entre eles tenha havido qualquer relação sexual. Fernanda sustenta agora que o responsável pela morte é um homem 'misterioso'.

Provas

Após depoimentos, a advogada da ré disse que Fernanda está desamparada, nervosa e em condições desumanas em Corumbá e que isso teria contribuído para o nervosismo da acusada. “A denúncia apresentada é diferente do que aponta o laudo, não batem porque o laudo comprova terceira pessoa”, afirma.

Ela acredita que o caso deve ser mandado para júri, mas diz que teria ‘carta na manga’ para provar a inocência da suspeita. Ela afirma que a transferência de Campo Grande para o interior foi por questões administrativas.