09/03/2019 12:18
Menino não vacinado é diagnosticado com tétano, tratamento pode chegar a R$ 3 milhões
É o primeiro caso registrado em crianças nos últimos 30 anos
Enquanto brincava em uma fazenda no Oregon, um menino de 6 anos caiu e cortou a testa. Os seus pais limparam e saturaram o ferimento em casa. Por alguns dias, tudo parecia bem, de acordo com um relato. Mas seis dias após a queda, o garoto começou a chorar, apertando a mandíbula e tendo espasmos musculares. Seus sintomas pioraram e, quando ele começou a ter dificuldade para respirar, seus pais ligaram para o serviço de emergência, que levou o pequeno ao hospital.
No hospital, os médicos diagnosticaram o menino com tétano — fazendo dele o primeiro caso documentado da infecção no Oregon em mais de 30 anos, de acordo com um relatório publicado ontem (7) pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês).
O tétano é uma infecção causada pela bactéria Clostridium tetani, mas é evitável graças à vacina contra o tétano, diz o CDC. Mas, de acordo com o relatório, o garoto não recebeu a vacina contra o tétano, nem nenhuma das outras vacinas recomendadas para uma criança da idade dele.
Uma doença séria
Quando o menino chegou ao hospital, o seu músculo da mandíbula estava espasmo e, embora quisesse água, não conseguia abrir a boca para beber. Ele também estava sofrendo uma condição chamada de opistótono.
A criança foi recepcionado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde recebeu a vacina contra o tétano, bem como medicamentos contendo anticorpos para combater as bactérias. Estes anticorpos foram retirados de pessoas que foram vacinadas contra o tétano.
O garoto permaneceu na UTI por 47 dias, seguido por várias semanas de tratamento intermediário e reabilitação. Finalmente, com uma conta médica superior a US$800 mil, a criança conseguiu retornar à sua vida normal, que inclui correr e andar de bicicleta.
Bactérias “onipresentes”
Apesar das recomendações dos médicos para dar ao garoto a segunda dose da vacina contra o tétano, juntamente com outras vacinas necessárias para as crianças, a família recusou. O Dr. William Schaffner, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Vanderbilt, que não esteve envolvido no caso, disse que a infecção da criança efoi “um evento trágico que [era] completamente evitável”.
E a decisão dos pais de não lhe dar uma segunda dose da vacina contra o tétano representou uma “segunda tragédia”, disse Schaffner à Live Science. Exceto para os ocasionais filhos de pais anti-vacinas, a maioria das crianças recebe as vacinas contra o tétano. E graças à vacina, os casos dessa infecção diminuíram em 95% e as mortes em 99% desde a década de 1940.
A bactéria que causa o tétano é “onipresente, está em toda parte”, dz Schaffner. Embora muitas vezes associadas com materiais enferrujados, as bactérias não têm a ver com a ferrugem — as pessoas podem ser infectadas por qualquer tipo de ferida profunda e penetrante. De fato, a C. tetani é encontrada em quaisquer lugares no meio ambiente, inclusive no solo, na poeira e nas fezes.
Segundo Schaffner, a única maneira de se proteger é se vacinando. Além do mais, uma infecção prévia por tétano não confere imunidade contra futuras infecções. A vacina funciona em parte combatendo as toxinas criadas pelas bactérias do tétano, em vez das próprias bactérias.
O tratamento
Ao todo, o garoto passou 57 dias no hospital, com uma conta de US$ 811.929 (o equivalente a R$ 3.140.520,66), isso sem contar o transporte aéreo e todos os cuidados com reabilitação. Para se ter uma ideia, isso é 72 vezes maior que o custo médio de estadia de uma criança no hospital, segundo a pesquisa citada pelos autores. E isso é ainda muito mais caro que a administração de vacina de DTap (Difteria, Tétano e Coqueluche), que pode custar cerca de US$ 30 por dose.