09/03/2019 11:01
Bolsonaro critica BB por curso contra assédio
Presidente diz que aula é requisito para ingressar no banco, mas treinamento faz parte de processo de promoção de funcionários
Na véspera do Dia Internacional da Mulher, o presidente Jair Bolsonaro utilizou seu perfil no Facebook para criticar o fato de o Banco do Brasil tornar obrigatório um curso de diversidade e de prevenção e combate ao assédio moral e sexual. Além de avisar que havia ordenado à cúpula do banco que abolisse a formação, chegou a aconselhar os postulantes a cargos na instituição que procurassem a Justiça.
Na avaliação do presidente, questões relacionadas a assédio moral e sexual, além de diversidade, deveriam ser tratadas na área da educação. Bolsonaro, no entanto, confundiu a finalidade do curso ao fazer sua crítica. Disse que era um requisito para passar num concurso público do banco, mas as aulas fazem parte, na verdade, do processo interno de formação e promoção de funcionários.
‘Aparelhamento’
A instituição oferece vários cursos on-line de aprimoramento para os servidores. Eles somam pontos, que classificam os funcionários para promoções que surgem dentro do banco. A maior parte é optativa. A única exigência é que seja feito um conjunto de aulas que trata de ética, respeito no trabalho, fim do preconceito e combate ao assédio. O tema é considerado prioritário e, por isso, o BB orienta que o treinamento seja feito durante a jornada de trabalho. Bolsonaro, entretanto, atacou a exigência desses cursos numa seleção interna para assistente técnico.
- Olha só o nível de aparelhamento que existe no Brasil. Isso aqui é processo de educação. Não precisa fazer curso nesse sentido. Nos futuros editais, não teremos mais essa obrigatoriedade — disse o presidente ao confundir o processo de promoção com concurso público: — Um conselho que dou a vocês é: se, porventura, alguém que for aprovado no concurso e for exigido esse diploma, você pode entrar na Justiça, que tu vai ganhar (sic). Se bem que vou tentar junto ao Banco do Brasil ainda para que se evite isso.
Um dos cursos que o BB exige é o de equidade de gênero.
“A rigidez do que é do homem e da mulher gera preconceitos, discriminação e violências de naturezas diversas. E as mulheres são o principal foco disso. Apesar de estarem plenamente aptas a exercerem funções de liderança e comando, as mulheres ainda são minoria nessas posições porque o preconceito e a discriminação também se fazem presentes no ambiente corporativo”, diz o vídeo.
O curso ainda trata das relações de poder do homem sobre a mulher e trabalha para prevenir não apenas assédio sexual no trabalho, mas violência doméstica. Questionado sobre o comentário do presidente, o BB informou que não se manifestará.