27/02/2019 12:37
HERÓIS SEM CAPA: vendedores se emocionam com detalhes de resgate de mãe e filho na correnteza
Os amigos tentaram passar pela enxurrada e conseguiram uma corda de 40 metros para ajudar no resgate
O que parecia ser mais um dia normal de trabalho ficou marcado na memória do vendedor de frutas Milton Cabreira da Silva, 58 anos, que ajudou a socorrer uma mulher e uma criança que foram arrastadas pela correnteza na Avenida Ernesto Geisel, no bairro São Francisco, em Campo Grande. Acompanhado do amigo Wilson Aparecido de Lima, 56 anos, Seu Milton tentou adentrar na correnteza para salvar mãe e filho.
“Deu umas três pancadas de chuva, na quarta vez que ela caiu que foi muito forte. A mulher estava em um carro HB20 e disse que tentou seguir um caminhão que ia na frente. Ela achou que conseguiria passar, mas o carro dela estragou. Ela ficou desesperada e começamos a pedir para ela ter calma, que tudo ia dar certo. Eu tentei ir, mas a água estava levando, não dava para passar”, relembra o vendedor.
Milton disse que conseguiu uma corda de 40 metros em um depósito e um guarda municipal se dispôs a se deslocar até o carro ilhado. “Ele amarrou a corda na cintura e formamos uma corrente humana. Seguramos aquela corda e ele foi até ela, conseguiu chegar enquanto segurávamos a corda para a correnteza não levar ele. Parecia cena de filme”.
Conforme o vendedor, a criança de 5 anos foi resgatada primeiro. “Ele conseguiu trazer o menino, deu no colo do Wilson e depois voltou para pegar a mulher. Ainda bem que conseguimos a corda, porque se não ficaria bem difícil chegar onde eles ficaram parados porque não dava para saber o que era carro e o que era rio. Uma carreta segurou outros dez carros que iam ser arrastados pela água”.
Ao receber a criança nos braços, o funcionário do depósito Wilson Aparecido se emociona ao lembrar do estado de choque do menino. “Eu fui colocar ele sentado, ele não soltava meu pescoço de tanto medo que ele estava. Ele estava em estado de choque, ficou muito assustado. A mãe dele falou que se estivesse sozinha, tinha subido no teto do carro. Ela também estava com muito medo”.
Após o susto, a mãe e o filho voltaram para abraçar Wilson. “Eles vieram depois da chuva aqui agradecer. O menino me deu um abraço, mas ele ainda estava muito assustado. Eu falei para ele que tudo ia ficar na paz e, graças a Deus, passou aquele pesadelo que vivemos ontem”.
Técnicos da prefeitura se dividem pela cidade para fazer reparos em pontos que foram danificados pela chuva.