Polícia

25/02/2019 07:30

Mulher é agredida com soquete de feijão por não reatar relacionamento

Agressor só teria parado de espancá-la quando ela desmaiou e pensou ter matado a vítima

25/02/2019 às 07:30 | Atualizado 25/02/2019 às 07:23 Da redação / Meia Hora
Reprodução / Meia Hora

Dez dias depois de uma mulher ter sido chicoteada pelo marido com fio elétrico em Angra dos Reis, outra tentativa de feminicídio chocou moradores do Sul Fluminense neste domingo. Luana Cunha da Silva, de 35 anos, foi violentamente espancada pelo ex-companheiro, Paulo Roberto Lopes da Silva Júnior, 30 anos, na tarde deste domingo, em sua residência, no bairro Boa Vista, conforme o Boletim de Ocorrência 795, feito na 90ª DP (Barra Mansa) por parentes da vítima.

Este é o terceiro caso desse tipo de crime registrado na região desde em pouco mais de um mês.Além de ter recebido socos e chutes por pelo menos meia hora, Luana também foi golpeada diversas vezes com um soquete de feijão de madeira. Há suspeita de que ela também tenha sido chicoteada com fio de luz, também apreendido pela polícia. Com o rosto desfigurado por conta de vários traumas nos olhos e boca, Luana, que perdeu dentes, foi internada desacordada e em estado grave na Santa Casa de Misericórdia de Barra Mansa.

Em depoimento ao comunicador Renan Cury, a mãe da vítima contou que Paulo Roberto não admitia o fim do relacionamento e que por esse motivo vinha ameaçando sua filha. Ela disse que conversas gravadas no Whatsapp, entregues à polícia, comprovariam que o ex-companheiro, que já tem passagem pela polícia por agressão, da filha teria admitido o espancamento.

Fotos entregues também à policiais da 90ª DP, mostram marcas de sangue no chão e nas paredes da cozinha, da sala e do banheiro da casa. Segundo um dos investigadores, isso demonstra que Luana tentou fugir desesperadamente de Paulo Roberto que, só teria parado de espancá-la quando ela desmaiou e ele teria pensado que a tinha matado. Nesta segunda-feira, a polícia tentará tomar depoimento formal de Luana.

Outros casos

No dia 2 deste mês, uma mulher de 28 anos foi chicoteada em Angra dos Reis pelo marido, porque ela teria feito um passeio de barco com os pais do agressor e demorado a chegar em casa. Uelinton de Oliveira, acusado da agressão, foi preso na semana passada. A vítima, que ainda tem fortes marcas nas costas, devido ás chibatadas, estava com o filho de 8 meses no colo no momento da agressão.

O caso foi registrado na Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) de Angra. Uelinton vai responder pelos crimes de tortura, cárcere privado e ameaça. Também em Angra, no dia 10 de janeiro, outro episódio de covardia: um menor de 17 anos agrediu a ex-namorada com golpes de pá na face. Segundo registro feito na Deam, como tentativa de feminicídio, o adolescente não admitia o fim do romance, iniciado apenas duas semanas antes, com Estefani Gomes Tognochi, de 19 anos, que teve fraturas múltiplas no rosto.

O crime aconteceu na antiga Estrada dos Índios, no bairro Bracuhy. A vítima foi internada no Hospital Geral da Japuíba. Segundo a Vara da Infância, Juventude e Idoso de Angra dos Reis, o jovem, internado em uma unidade do Degase, vai responder por ato infracional análogo a tentativa de feminicídio, e cumprirá medida socioeducativa.

Mortes por feminicídio dobraram na região

O número de mortes por feminicídios dobrou entre 2017 para 2018 no Sul Fluminense. Estatísticas do Instituto de Segurança Pública (ISP) apontam três assassinatos em 2017 contra seis em 2018. Nos últimos dois anos, 51 mulheres foram vítimas de tentativas de feminicídios. Ao todo, o estado do Rio contabilizou mais de mil mortes de mulheres. Em 2018, apenas no Sul do Rio, foram dois assassinatos em Barra do Piraí, dois em Porto Real, um em Resende e um em Barra Mansa.