20/02/2019 07:00
'Apertava meu seio com tanta força, quase desmaiei de dor', lembra vítima de violência obstétrica
Mulher relata que precisou ouvir comentários maldosos com relação ao seu cheiro de médicos em Hospital Regional
Após matéria publicada em janeiro, pelo TopMídiaNews, novos desabafos de mulheres que sofreram violência obstétrica no Hospital Regional Rosa Pedrossian (HRMS) estão sendo desenterrados. Dessa vez, quem conta a história é Alice, nome criado pela reportagem para identificar a paciente, que prefere não se identificar, sobre episódio há oito anos, no parto de sua primeira filha.
“Tive minha primeira filha nesse hospital. Quando fui pra casa, meu leite empedrou, me deu febre e voltei lá, pois sentia muita dor. Uma enfermeira me atendeu, antes eu não tivesse ido lá, ela foi arrogante, perguntou se eu não alimentava meu bebê, que eu tinha que tirar o leite. Eu doava o leite, mas não dei conta de tirar, pois eu estava com muitas feridas no seio por conta da amamentação, então ela foi muito arrogante e agressiva, como se eu tivesse incomodando e como se eu quisesse estar lá com dor”, relembra traumatizada.
Apesar de ter passado o tempo, as lembranças ainda são vivas na memória. Ela ressalta que ninguém merece passar por isso.
“Ela me deitou e apertava meu seio com tanta força que quase desmaiei de dor. Saí de lá chorando, tremendo, tinha até medo de ter que voltar lá. Acho que nenhuma puerpério precisa passar por isso, foi muito triste”.
Com sentimento de revolta, ela lembra que a humilhação começou no momento do parto. Segundo ela, não foi autorizada a presença de acompanhante e os comentários dos médicos eram terríveis.
“Não me deixaram ter acompanhante, alegaram que estava em reforma. Sem contar que me senti constrangida na hora do parto com comentários dos médicos, entre eles de como eu estava cheirando mal, com cheiro forte, me senti envergonhada, pois eu tinha tomado banho antes do parto, que foi às 09h17 da manhã”, finaliza.
O outro lado
A assessoria de imprensa do hospital informou que a administração era de outra equipe. "Nós não temos conhecimento sobre este caso", destaca.
Violência obstétrica no País
No Brasil, dados mostram que 25% das mulheres já sofreu este tipo de violência.
A Organização Mundial da Saúde fez uma lista de violência no parto para que sejam identificados e combatidos nos hospitais e maternidades do mundo. São eles: abuso físico, abuso sexual, preconceito, discriminação, não cumprimento dos padrões profissionais de cuidado, mau relacionamento entre as gestantes e os profissionais, condições ruins do sistema de saúde.
Uma boa alternativa para evitar que isso ocorra é a presença de acompanhantes, assegurada pela Lei 11.108, que existe desde 2005.