Polícia

13/02/2019 07:45

Um ano após morte de pintor, ré confessa aguarda julgamento em liberdade

O crime ocorreu após discussão; casal morava junto havia três meses

13/02/2019 às 07:45 | Atualizado 13/02/2019 às 11:09 Da redação / JP News
Reprodução / JP News

Em 12 de fevereiro de 2018 – há um ano – Danielly Vicente Azambuja matava a golpes de canivete, o pintor de paredes Gilberto Carvalho da Silva. O crime ocorreu após discussão entre o casal em um imóvel no bairro Alto da Boa Vista, em Três Lagoas. Eles moravam juntos havia três meses.

A assassina confessa chegou a ser presa e, na segunda tentativa de revogação da prisão, obteve o benefício de aguardar o julgamento em liberdade. O júri, entretanto, não entrou na fila de audiências, ao menos até o mês de março deste ano. O advogado da cabeleireira, Robert Queiroz abriu mão do caso e em janeiro deste ano, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos fez encaminhamento para Defensoria Pública.

O órgão deve nomear um defensor para Danielly Azambuja, que tem extensa ficha criminal. Dados públicos do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul revelam que ela foi indiciada em sete inquéritos policiais, entre 2011 e o ano passado - a maioria por tráfico de drogas - e que ficou presa em 2016. Um dos casos é de falso testemunho.

Apesar do indiciamento, Danielly respondia aos processos em liberdade desde que foi beneficiada por uma decisão judicial, em 2017, para deixar o presídio feminino. Ela havia sido flagrada com maconha e quebrado objetos da unidade prisional ao ser conduzida a uma cela por agentes.

Todas as denúncias contra ela foram recebidas pela Justiça e ao menos duas estão em fase de recurso. Na ocasião da morte do pintor, Danielly que tinha 26 anos, foi levada ao presídio feminino de Três Lagoas após prestar depoimento à Polícia Civil sobre o crime.

LIBERDADE

Em 28 de junho de 2018, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos negou a revogação de prisão preventiva. Na ocasião disse que o pedido não merecia acolhida. “O caso dos autos trata de crime extremamente grave, praticado mediante violência, onde, além da presença incontestável de materialidade delitiva e fortes indícios de autoria, restou verificada a imprescindibilidade da custódia cautelar. A defesa não trouxe novidade nos autos”.

Um mês após a decisão, e pouco mais de seis meses presa na cadeia feminina de Três Lagoas, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos concedeu a Danielly o benefício de responder ao processo em liberdade. “Considerando fim desta primeira fase do procedimento do Tribunal do Júri, que a acusada foi pronunciada pela prática de homicídio simples, que a ré já está presa preventivamente há mais de 6 anos, não há mais necessidade de manter sua custódia cautelar durante o julgamento de eventual recurso interposto e a apreciação do caso pelo Conselho de Sentença, pois ausente no presente momento o clamor social, razão pela qual revogo a prisão preventiva decretada contra a ré”.

Para tanto, Pedrini impôs que a acusada cumprisse medidas cautelares de comparecimento em todos os atos do processo; não mudar de endereço sem prévia comunicação; comparecer em juízo bimestralmente para justificar atividades, endereço e atividade laboral.

O CRIME

Segundo à polícia, a morte ocorreu por motivo fútil após discussão. Gilberto Carvalho da Silva, de 41 anos, chegou a ser socorrido, mas morreu antes de ser levado ao hospital por soldados do Corpo de Bombeiros e socorristas do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Danielly disse, inicialmente, aos policiais militares que registraram o crime que o companheiro se feriu com a arma, após a discussão. Mais tarde, na delegacia, confessou o assassinato. Em depoimento, disse que era agredida com frequência por Gilberto.

Ela foi levada ao presídio feminino na mesma noite. Durante o registro da ocorrência, vizinhos do casal iniciaram uma tentativa de linchamento da mulher, e a PM fez disparos com bala de borracha para dispersar o grupo que se formou em frente à casa.

OUTRO HOMICÍDIO

A morte de Gilberto Carvalho ocorreu quatro dias após a Polícia Civil registrar o terceiro crime do tipo, na cidade, em 2018. No dia 8, o trabalhador rural Claudemir Caetano, de 50 anos, foi esfaqueado por desconhecidos em uma fazenda, perto da divisa entre Três Lagoas e Água Clara.

Apesar de socorrido, ele morreu no dia seguinte. Não há suspeitos pelo crime. As mortes anteriores, por homicídio, foram da produtora rural Haley Coimbra, de 38 anos, dia 14 de janeiro, no bairro Santa Júlia, e o segundo, a morte de Larissa Souto Pereira de Freitas, de 42 anos, ocorrida na sexta-feira, dia 9, no bairro Jardim Alvorada.