Polícia

04/02/2019 13:04

Polícia Militar não deveria invadir base do município, defende secretário Azambuja

“A Polícia vem para somar, não vai mudar em nada o trabalho. Campo Grande precisa da união de todas as policias", reforçou

04/02/2019 às 13:04 | Atualizado 04/02/2019 às 19:00 Nathalia Pelzl, Anna Gomes e Diana Christie
André de Abreu

O secretário municipal de Segurança Pública, Valério Azambuja, rebateu, na manhã desta segunda-feira (4), as acusações contra guardas municipais suspeitos de prevaricação. Em coletiva de imprensa, ele declarou que, ao contrário do que foi relatado em boletim de ocorrência, não houve nenhum tipo de agressão contra nenhum adolescente.

Azambuja destacou que, no dia em que o fato ocorreu, 1º de fevereiro, equipe da Polícia Municipal, a antiga Guarda Municipal, fazia rondas quando avistou um grupo de adolescentes e realizou a abordagem. No entanto, esses menores teriam saído correndo, abandonando os itens roubados no Parque das Nações Indígenas no local.

O secretário destacou que foi tentado contato com a DERF (Delegacia Especializada de Repressão aos crimes de Roubos e Furtos) para entregar o item, uma bicicleta que havia sido roubado do filho de um Coronel da Polícia Militar, mas por ser uma sexta-feira e já ter encerrado expediente, o servidor optou por guardar o objeto na base para solucionar a questão hoje.

Conforme Azambuja, o procedimento do Policial Militar e dos colegas não foi apropriado, já que eles não possuem o direito de ‘invadir’ um prédio municipal, e que tal atitude deveria ser feita pela Polícia Civil.

Segundo ele, o problema é a mudança de nomenclatura, e que o Coronel pegou birra por isso. Valério reforçou que o servidor da Polícia Municipal já vinha sofrendo ameaças.

“A Polícia Municipal vem para somar, não vai mudar em nada o trabalho. Campo Grande precisa da união de todas as polícias, temos que fazer com que a harmonia não seja quebrada por um ou dois servidores”, destacou.

O caso será enviado para o Ministério Público Estadual e aberto um processo interno para saber se houve erro na conduta da Polícia Municipal.

O caso

O Guarda Municipal Maiso Marques Faria, 30 anos, foi preso após supostamente não devolver uma bicicleta roubada. Ele e um colega de guarnição, identificado apenas como Ferreira, teriam agredido o adolescente infrator, recolhido um boné e um relógio e mentido para o superior, conforme boletim de ocorrência obtido pelo TopMídiaNews.

Segundo o relatório policial, no dia 1º deste mês, a bicicleta do filho de um coronel da Polícia Militar, um adolescente de 16 anos, teria sido roubada no Parque das Nações Indígenas, em Campo Grande.

No mesmo dia que cometeu o crime, o suspeito, também adolescente, estaria trafegando com a bicicleta durante a madrugada quando foi abordado por uma guarnição com dois homens da GM.

O menor contou que foi agredido, teve o boné, relógio e bicicleta recolhidos, mas não chegou a ser encaminhado para a delegacia. Por causa disso, a mãe do adolescente registrou um boletim de ocorrência por abuso de poder.

Na noite deste domingo, o coronel da PM tomou conhecimento que a bicicleta estaria na base da GM no Estrela do Sul e, juntamente com outros militares, foi ao local. Lá, a equipe encontrou , que foi preso em flagrante.

O outro envolvido, identificado apenas como Ferreira, não estava na base e, até o momento, não havia sido apresentado.

De acordo com o boletim de ocorrência, os policiais encontraram uma bicicleta Schwinn e outra Caloi, ambas de cor preta, aro 29. Uma foi a roubada no Parque das Nações e a outra não teve a origem descoberta.

O superior dos guardas municipais contou que a equipe disse ter encontrado as bicicletas abandonadas em uma rua qualquer. No entanto, Maiso acabou confessando que fez a abordagem ao adolescente e ainda apreendeu uma faca, que seria a utilizada no roubo.

Alterado, ele teria se recusado a entrar na viatura, mas acabou concordando em acompanhar os policiais até a delegacia. Ele foi encaminhado para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do Centro e o caso vai ser investigado.

O prefeito Marquinhos Trad (PSD) lamentou a rixa entre as duas corporações. Leia mais aqui.