Campo Grande

29/01/2019 19:00

Quase dois anos depois da morte, sobrinha especial ainda procura tia pela casa

Ester continua procurando Renata Sodré, que morreu vítima de um AVC enquanto segurava a menina no colo

29/01/2019 às 19:00 | Atualizado 30/01/2019 às 09:59 Dany Nascimento
André de Abreu

Quase dois anos após a morte da tia, Ester Isabelly Souza, 4 anos, ainda procura Renata Souza Sodré pela casa. De acordo com a mãe de Renata, Adriana de Souza, 47 anos, a sobrinha, uma criança especial, ainda não acostumou com a ausência da tia, que morreu no dia 31 de março de 2017, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O caso ficou conhecido em Mato Grosso do Sul, já que Renata foi mantida viva por aparelhos e deu à luz ao menino Yago de Souza Sodré de Noronha, que hoje tem 1 ano e nove meses de vida. De avó, Adriana se tornou mãe de Yago e afirma que ainda presencia a neta procurando a tia pela casa.

“Ela ainda procura a minha filha. Ela era grudada na minha filha, que chegava do trabalho brincando com ela, falando sempre ‘a tia chegou’. Ela fica pela casa procurando, ela ainda não se acostumou com a ausência da Renata aqui. Ela não entende o que aconteceu”, afirma Adriana.

A avó de Ester relembra ainda que a criança estava no colo da tia no momento em que Renata sofreu um AVC. “Ela estava no colo da minha filha. A Renata gritou minha outra filha, Adrielly, que é a mãe da Ester, e falou que tinha batido a cabeça muito forte. Na verdade, segundo os médicos, ela não bateu a cabeça, ela achava que tinha batido porque a dor era muito forte”.

Responsável pela criação de Yago, Adriana ressalta a saudade que sente da filha e vê traços dela no neto. “Ele tem o gênio forte que nem da mãe dele, se quer algo e não consegue, bate o pé até conseguir. Minha filha era assim. Fisicamente, ele parece o pai, mas a personalidade, é da minha filha”.

O caso

Yago Souza Sodré de Noronha é fruto do amor de Eduardo de Noronha, com a jovem Renata Sodré, que faleceu aos 22 anos, vítima de um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Ele é protagonista de um caso inédito em Campo Grande, já que Renata foi mantida em aparelhos até o parto, que aconteceu no dia 31 de março de 2017.

O prematuro chegou ao mundo se despedindo da mãe, que foi enterrada no dia do nascimento da criança. Com dois dias de vida, pesando 1 quilo e 50 gramas, o pequeno contraiu uma bactéria, deixando os familiares em pânico. Os médicos conseguiram estabilizar a situação do bebê, que continuou na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) Neo Natal da Santa Casa.

O pequeno passou por procedimento cirúrgico de correção da artéria que irriga o pulmão, devido a uma má formação. Com sol ou chuva, os familiares sempre estavam ao lado de Yago nos horários permitidos pela equipe médica.

Médicos, enfermeiros, técnicos e toda a equipe da Santa Casa se uniram e se dedicaram diariamente para a recuperação do prematuro. Um laço de amor e carinho foi criado entre os profissionais e o pequeno.  Ao completar cinco meses de vida, ele foi transferido da UTI para a UI (Unidade Intermediária) ao atingir 1.685 kg e passou a ter, conforme o neurologista Walter Perez, um contato maior com a família, que começou a segurar por mais tempo o bebê nos braços.       

Os profissionais começaram a se dedicar para que Yago deixasse de respirar com a ajuda de aparelhos, aprendesse a mamar sozinho para atingir o peso necessário e ir para o aconchego do lar. Após seis meses de hospital, o médico Walter Perez,  a intensivista Patrícia Berg Leal e a neonatologista Claúdia Guimarães entregaram o pequeno aos braços dos familiares, com a tão sonhada alta. Ele deixou o hospital com 50 cm, pesando 3kg.