14/01/2019 13:10
Empresas desprezam licitações e diabéticos ficam sem remédios em Campo Grande
Pacientes vão à Justiça, conseguem medicamento de graça, mas não têm acesso aos remédios
Há pelo menos seis meses, pacientes que tomam insulina, medicamento conquistado por meio judicial, em Campo Grande, não têm acesso ao remédio que controla o diabetes, doença que mata mais que o câncer e Aids juntos. Setenta e duas mil pessoas morrem por ano no Brasil vítimas da enfermidade.
O remédio deve ser distribuído pela prefeitura da cidade, de graça, aos pacientes que vão à Justiça e obtêm êxito em seus recursos.
“Peço encarecidamente que nos ajude, a saber, o que está acontecendo com a compra das medicações fornecidas via judicial. Há mais de seis meses estamos sem medicamentos de uso contínuo, vamos lá todos os meses, ligamos e os funcionários alegam que está em processo de compra e isso nunca acaba é um total desrespeito com a sociedade que mais precisa”, é o apelo da paciente campo-grandense Cristiane Corrêa.
Cristiane disse que, por meio judicial, conseguiu medicamentos, como a insulina, para se defender do diabetes e outros remédios que toma para combater à depressão.
A paciente revelou ter ido com frequência ao CEM (Centro Especializado Municipal), onde o medicamento é fornecido, mas não consegue levá-lo para a casa.
Ela afirmou que há uma década toma a insulina, e uns três anos, remédios para a depressão.
“Não só eu tenho sido prejudicada, vejo outros pacientes atrás de medicação que também não conseguem. Lá, falta também fralda e outros remédios”, protesta Cristiane.
VERSÃO DA PREFEITURA
A assessoria de imprensa da prefeitura de Campo Grande, por nota, sustenta que o município está tentando comprar o medicamento por meio de licitações, mas as empresas que atuam no setor têm se recusado a participar das concorrências propostas.
Diz o comunicado da prefeitura:
“O fornecimento de insulina regular está sendo feito normalmente nas unidades de saúde do município, atendendo mais de 50 mil pacientes. Já as insulinas especiais, como a Lantus, por exemplo, são fornecidas somente por decisão judicial, uma vez que não fazem parte da lista do SUS. Por se tratar de atendimento a demandas individuais, cada processo tem um tempo pré-definido para aquisição e fornecimento e em sua maioria são compartilhados com o Governo do Estado. Portanto, tal queixa não se aplica ao contexto geral”.
Segue a nota da prefeitura: “para evitar que faltas pontuais ocorressem, a Sesau, secretaria municipal de Saúde, iniciou processo de aquisição, em julho do ano passado, porém a licitação foi fracassada por desinteresse das empresas”.
Ainda segundo o comunicado: “no fim do ano, foi determinada a compra emergencial, para que os pacientes não ficassem desassistidos e esse processo está em andamento, aguardando devolutiva da empresa que deve apresentar os preços. Em relação à fralda, todos os pacientes com processo em andamento estão sendo atendidos”.