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há 6 anos

Médicos cubanos em Dourados choram em 'festa de despedida'

Eles atuavam principalmentes em vilas carentes e nas aldeias indígenas

18/11/2018 às 16:28 | Atualizado 19/11/2018 às 09:49 Celso Bejarano

Os nove médicos cubanos que atuam principalmente em áreas carentes e aldeias indígenas de Dourados devem deixar a cidade já no mês que vem. O município que aderiu o programa “Mais Médicos”, em 2013, será um dos mais afetados pela medida imposta pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL), seguido por Corumbá, que emprega 10 profissionais de Cuba.

Em feijoada promovida por professor da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), os profissionais choraram ao narrar a experiência que por aqui viveram e por serem forçados a deixar o país.

A Secretaria de Saúde de Mato Grosso do Sul informou que em todo o Estado 114 cubanos desempenham a medicina, sobretudo no interior.  No país, o Mais Médicos atraiu perto de 10 mil médicos. Alguns já retornaram para Cuba.

A regra de Bolsonaro, que assume a presidência em janeiro, condiciona a continuidade do programa à aplicação de teste de capacidade, salário integral aos profissionais cubanos e que as famílias dos contratados viessem juntas. O governo cubano, nação que tem médicos atuando em 67 países, não concordou com a imposição e chamou de volta seus especialistas da saúde.

A ideia de agradecer os médicos cubanos que agem em Dourados surgiu por meio do Facebook por iniciativa do professor da UFGD, o também advogado Tiago Botelho.

“Promovi essa cerimônia (no sábado, ontem 17), para agradecer o excelente trabalho dos médicos que atuavam principalmente em regiões que não tinham profissionais, como as vilas carentes, postos de saúde e as aldeias”, contou o professor.

Tiago disse ainda que convidou nove dos cubanos e seis compareceram à feijoada.

Ele disse que em determinado momento os médicos choraram devido ao fim do programa para eles.

“Eles [médicos] ficaram tristes em deixar o país dessa maneira. Mas disseram que retornariam com felicidade caso melhore as relações entre os dois países”, disse Tiago.

Além dos médicos participaram da cerimônia professores colegas de Tiago Botelho.