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Evento voltado para inclusão de pessoas surdas é bem recebido e mostra que somos todos iguais

Sinalize recebeu mais de 2 mil pessoas na tarde deste sábado em Campo Grande

10/11/2018 às 17:59 | Atualizado 10/11/2018 às 18:03 Nathalia Pelzl
André de Abreu

Foi realizado no Parque das Nações Indígenas o primeiro evento intitulado Sinalize, voltado para inclusão de pessoas surdas, na tarde deste sábado (10), em Campo Grande. O evento foi desenvolvido pelo CAS (Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez) em parceria com a SED (Secretária do Estado e Educação) mais de 2 mil pessoas passaram pelo local.

No público pessoas surdas, consideradas não ouvintes e os ouvintes. Com diversas atividades ente elas yoga, zumba, capoeira, dança do ventre e brinquedos para as crianças, ao ver o público misturado, a organização do evento teve certeza de dever cumprido: não fazer distinção entre pessoas.

André Abi de Rios, 33 anos, é surdo e trabalha no Cas, dando aula de libras para os ouvintes, pessoas que não são surdas. Para ele, todos são iguais.

“Eu acho muito importante este tipo de evento, porque todas as pessoas que não conhecem a Libras (Língua Brasileira de Sinais) passam a conhecer, vê a proporção disso para o futuro. Para os ouvintes que tenham interesse, vontade, não veja o surdo com dó, veja ele com uma pessoa que precisa de acessibilidade, que precisa se comunicar, afinal somos todos iguais ”, ressaltou André.

Questionado sobre piadas que são feitas com as expressões utilizadas por intérpretes e, pessoas surdas, André é bem enfático, e ressalta que este tipo de atitude não é legal, pois a expressão facial do surdo é como se fosse a parte ortográfica da língua portuguesa, ou seja, necessária.

Gislaine da Luz Nunes, 30 anos, é intérprete de libras há 10 anos, nossa interação com o André foi possível com a sua ajuda, ela conta que a motivação da profissão veio da sua infância.

“Foi na escola, na quinta série, uma ocasião rara em que o hino foi feito em sinais, não sabia que era uma língua, só no ensino médio descobri. E no fim a gente acaba aprendendo por igual, eles nos ajudam com sinais, e nós ajudamos com a língua portuguesa, é um intercâmbio linguístico, que ambos, uma troca”, finaliza Gislaine.

Já no caso da professora de física, Alanah Garcia, 27 anos, a libras entrou para facilitar o ensino de alguns alunos, devido a necessidade, e aos poucos ela afirma que uma comunicação foi criada.

Na visão dela essas pessoas encontram muitas dificuldades em mercados, médicos e escolas e que isso não deveria acontecer. Ela ressalta que libras deveria ser ensinado desde a educação infantil. É importante lembrar que existe diferença entre pessoas surdas e deficientes auditivos, sendo que surdos não emitem fala diferente dos que possuem baixa audição.

Libras

A libras é a primeira língua do surdo, usada e difundida nas comunidades surdas e afins. A libras possui estrutura gramatical própria que não está vinculada a língua oral, no nosso caso a Língua Portuguesa.