Um homem armado dá um tiro no peito de um jovem em uma fila do banheiro. Eles estavam em um show sertanejo com milhares de pessoas ao redor. Em circunstâncias comuns do jornalismo diário já teríamos o nome da vítima e do autor. Nesse caso, somente a vítima teve o nome divulgado pela polícia.
O motivo é que o autor do crime, preso em flagrante, é um agente penitenciário federal . Mesmo não estando em serviço, ele estava armado num local de grande público e matou alguém. A polícia praticamente fez uma defesa dele, deixando claro que “não bebeu”
O crime ocorreu no final de um show sertanejo, no estacionamento do Shopping Bosque dos Ipês, nesta madrugada em Campo Grande. Ele estaria comemorando o aniversário dele.
Por telefone, o delegado Reginaldo Salomão evitou dar detalhes para não 'atrapalhar as investigações' e, de pronto, excluiu a possibilidade do suspeito, de 33 anos, estar embriagado. Conforme a autoridade, o homem, que não teve a identidade revelada, vai permanecer preso até audiência de custódia na segunda-feira (25).
O nome? Uma incógnita que colocou jornalistas para "correrem atrás" da informação. Mas e se fosse o contrário? E se fosse Adilson Ferreira, o pedreiro, responsável pela morte do agente?
Como correr atrás de informação é especialidade de quem trabalho com o tal do jornalismo, o nome do homicida vazou. O autor do crime, que vitimou um jovem durante um show da dupla Henrique e Juliano, é Joseilton de Souza Cardoso, que foi nomeado em janeiro deste ano para o cargo de agente penitenciário federal.
Porém, o que chama a atenção é a relação “dois pesos e duas medidas” que, claro, sempre recai em cima da imprensa. “Se fosse pobre já teria o nome divulgado”. Pois é, o problema é que nem sempre isso fica de responsabilidade de quem tem o mesmo pensamento. Mas alguém vai lá cobrar o delegado? Não né, solta o reio mesmo no jornalista - deve ser mais fácil...
Muitas vezes quando o crime envolve autoridades as frases mais ditas são as que “para não atrapalhar as investigações. o nome não será divulgado”. E quando acontece a divulgação, jornalistas, editores e donos de veículos ou recebem ameaça de processos ou a visita de oficiais de Justiça nas portas das redações.
Isso aconteceu, por exemplo, antes mesmo da nossa série de erros médicos começar no TopMídiaNews. Já na primeira matéria a “gentil ligação” com a ameaça mais famosa de processo.
E no caso do agente penitenciário federal, que entrou armado sem necessidade em um show, atirou contra um jovem em uma briga banal em que testemunhas dizem que “foi por causa de mulher”, ainda assim, um motivo banal.
Joseilton já foi preso. Concurseiro das antigas, pelo jeito tinha uma vida discreta, não há registro em redes sociais ou fotos disponíveis na internet. O que mostra certa prudência devido à sua profissão. Só não foi prudente ao portar uma arma num ambiente em que seus tiros mataram alguém e poderia ter ferido outras pessoas. O show estava cheio.
Seu nome foi protegido, não pela vontade da imprensa, mas sim, por um corporativismo que tem feito muita gente questionar até que ponto isso é saudável ou não. E se o argumento de que todo mundo é inocente até que se prove o contrário, que seja uma regra válida para todos. Não só para uns ‘poucos e bons”.