Dono de casa milionária, dois escritórios e carro, o deputado federal Carlos Marun (PMDB) faz uma prestação de contas à Justiça Eleitoral muito modesta, incompatível com a realidade. Impressionante é também a evolução patrimonial do parlamentar, que justifica as incongruências: os bens estão em nome da família! Hmmm... Já ouvi esta história!

O levantamento foi realizado pela Folha de S. Paulo. Segundo o jornal, Marun não declarou um centavo sequer nas eleições de 2004, uma tristeza só! Eleito vereador de Campo Grande, dois anos depois, ele garantiu uma poupança modesta de rapaz trabalhador: R$ 352,75. O salto patrimonial ocorreu em 2010, quando já seria reeleito deputado: informou à Justiça ter R$ 228 mil, incluindo uma casa.

“Mas o infortúnio econômico parecia não ter ido embora, pelo menos no papel: quatro anos depois, em 2014, a casa sumiu de sua prestação de contas, e Marun entregou à Justiça Eleitoral declaração de bens de R$ 94 mil. Naquele ano, seria eleito deputado federal para um mandato em que se destacaria como defensor aguerrido do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e do presidente Michel Temer”, analisa o jornal.

Em entrevista ao portal, Marun admitiu que o patrimônio real é muito maior e justificou as incompatibilidades. "A partir de certo momento, o meu patrimônio familiar passou a fazer parte do Imposto de Renda da minha mulher, porque ela começou a ficar com medo de eu vender casa, vender cachorro, vender filho por causa da política", disse.

Quando questionado se isso não representaria uma omissão aos eleitores, Marun destaca que as pessoas sabem dos bens dele através de entrevistas e até brinca que transferiu a casa para seu nome na declaração de Imposto de Renda de 2017 para não ficar estranho. "Fica ruim aparecer na minha prestação [de contas] que eu não tenho nem casa, né?”