É cada dia mais assustador revelar os detalhes da tão falada greve dos médicos em Campo Grande. Os profissionais fazem operação tartaruga desde ontem (27) na maior cidade de Mato Grosso do Sul, que atende também todo interior do Estado, e geraram de vez um colapso no já desgastado sistema municipal de Saúde.
Nada contra o direito a greve dos médicos, uma medida constitucional válida. Mas o que se coloca em questão são os alegados motivos dos profissionais. Eles afirmam que têm o ‘salário defasado’ há três anos e pedem quase 30% de reajuste. Reclamam do salário base: R$ 2.516,72. Mas ‘esquecem’ misteriosamente de dar mais detalhes dos ganhos. Vamos aos fatos.
Bem, o salário inicial do médico é realmente de R$ 2.516,72, porém por 12h de serviço semanal. Isso mesmo, em letras garrafais para bom atendimento: DOZE HORAS DE SERVIÇO A CADA SETE DIAS.
Um trabalhador ‘normal’ da prefeitura atua por 40 horas semanais, já excluindo as 8h de descanso remunerado. São 192 horas mensais dos ‘normais’ contra 48h mensais dos médicos.
O médico ainda pode realizar plantões, também de 12h, recebendo mais R$ 830,56 por cada um deles. Se realizados aos sábados, domingos ou feriados recebe um bônus no plantão de 20% independente do período; a noite durante a semana, de 10%. Aos plantonistas pediatras é oferecida gratificação de R$ 500 para cada 12h trabalhadas aos fins de semana.
Logo, como um ‘normal’ trabalha 192 horas mensais e um médico 48h, o profissional da saúde ainda precisaria fazer 144 horas a cada 30 dias para ter a mesma carga horária da média no município. Isso seriam 12 plantões, que poderiam render mais pelo menos R$ 9.966. Somado aos R$ 2.516,72 chega-se a um rendimento de 12.483,44. Isso se ele trabalhar como qualquer pessoa normal e excluindo adicionais de fins de semana, feriado e período noturno. Um salário bom, não é?
Esses são os fatos reais dos ganhos dos médicos em Campo Grande. Agora, cabe a você, leitor, avaliar se a tal greve é ou não válida no atual momento brasileiro.