Cravada dentro do Pantanal Sul-mato-grossense, a porta de entrada da Rota Bioceânica avança sobre o rio Paraguai. A obra da ponte binacional, entre Porto Murtinho e a cidade paraguaia de Carmelo Peralta, segue a pleno vapor, com 60% dos trabalhos concluídos.
Atualmente o canteiro de obras conta com mais de 400 trabalhadores, com atividades dos lados brasileiro e paraguaio do rio. Os viadutos já foram finalizados e os pilares estão sendo implantados - 68% do lado do Paraguai e 59% do lado brasileiro.
A expectativa é que a obra fique pronta no primeiro trimestre de 2026. A projeção é de um cenário de oportunidades, onde desde já comerciantes, empresários e a população em geral vivem a expectativa de uma nova realidade para toda região.
Graciela Gonzáles, comerciante em Porto Murtinho, vê o avanço com expectativa. "Espero que quando a ponte ficar pronta, que venha junto com muito mais sucesso para nós comerciantes, que consigamos alcançar nossos objetivos. Já não sou mais jovem, por isso temos aquela pressa do comércio de para termos um retorno melhor", declarou.
O empresário Marcos da Mata Souza, dono de uma loja de máquinas para pesca, também tem esperanças que a conclusão das obras traga desenvolvimento. "Esta obra vai trazer muito progresso para nós. É um sonho de todo mundo. Não vemos a hora disto se concretizar. Para nós aqui, murtinhenses, será um pulo muito grande. A expectativa é grande, e com certeza está vindo o progresso, riqueza, prosperidade para nós. Todo mundo, a população inteira vai usufruir disto".
Apesar da ponte ainda não estar concluída, os moradores já relatam que o canteiro de obras trouxe mais pessoas à cidade, o que tem fortalecido o comércio. Gelson Aparecido de Oliveira, gerente de loja, diz que a construção está trazendo novos moradores.
"Estou há 26 anos aqui na cidade. Nós chegamos em outubro de 1998. Desde o momento que começou a obra na ponte, chegou mais gente na cidade, pessoal que gasta no comércio da cidade, quando a obra for concluída vai melhorar mais ainda. Todo mundo está feliz com esta obra. Os murtinhenses estavam indo embora e agora vão começar a voltar".
Rota Bioceânica
A construção da ponte binacional é um passo fundamental na criação da Rota de Integração Latino-Americana (RILA), ou Rota Bioceânica, que começa em Mato Grosso do Sul, passando por Porto Murtinho, em direção ao Paraguai, Argentina e Chile. O trajeto é visto como um caminho mais curto ao Oceano Pacífico para acesso aos mercados asiáticos, chegando a países como China, Índia, Japão, entre outros.
Com a nova rota, a previsão é de ganhos expressivos na exportação, importação, competitividade dos produtos regionais, e promoção de intercâmbio entre o Brasil e a Ásia, além do Mercosul e do Chile.
O Governo do Mato Grosso do Sul mantém investimentos robustos nas cidades que farão parte da Rota Bioceânica, entre elas Porto Murtinho, que recebeu R$ 40,6 milhões em obras nos últimos anos. Também foram garantidos incentivos para reativar a hidrovia do Rio Paraguai, atraindo operadores e empreendimentos portuários à região.
Outro foco foi a articulação junto ao Governo Federal para realização das obras complementares que vão contribuir com a Rota Bioceânica. Entre elas o acesso à Ponte Bioceânica, por meio da rodovia BR-267, onde serão pavimentados 13 km, além da construção de um centro aduaneiro, trabalho de terraplanagem e acesso elevado à ponte.
O investimento será de R$ 472,4 milhões por parte da União, e a expectativa é que a alça seja concluída em 36 meses.
Também está sendo feita a restauração de 101 km da rodovia BR-267, que liga o distrito de Alto Caracol a Porto Murtinho. As obras tiveram início na semana passada, de acordo com o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes).