Mesmo após o retorno das aulas nas escolas estaduais de Mato Grosso do Sul, alguns lugares estão enfrentando problemas graves com a falta de merenda para as crianças. É o caso, por exemplo, das escolas estaduais de Bataguassu, distante 335 km de Campo Grande, onde as quatro escolas estão sem merenda.
“Fica uma situação triste, porque não tem a merenda, nos unimos para tentar comprar, mas não conseguimos para muitos dias. Muitas crianças vem da roça, algumas vem na escola por causa da merenda mesmo, e não tem condições de trazer lanche ou comprar alguma coisa na escola”, conta uma professora que pediu para não ser identificada.
Segundo foi apurado pela reportagem, os pais estão sofrendo. “Eu continuo mandando meu filho, quando tem lanche eu mando, se não, tem que esperar chegar em casa para comer”, conta uma mãe. As crianças reclamam. “Mas não adianta reclamar, vamos ter que esperar chegar".
De acordo com o que a reportagem apurou, alguns diretores pediram doação no comércio para ofertar merenda semana passada. “Não sei te dizer se é somente aqui, mas começamos o ano sem nada, sem uniforme, kit escolar. A explicação é que centralizaram a distribuição, antes a escola mandava carta convite, era independente, agora uma central faz a tomada de preço e compra para todas as escolas da região e, neste caso, não tem prazo, pelo menos ninguém pode afirmar quando vai chegar”, explica outro professor.
Nas redes sociais, um diretor postou sobre a falta de merenda e, após conseguir alguns alimentos, desabafou. “Está muito difícil trabalhar, Eu também não sei até quando eu vou conseguir oferecer merenda”, afirmou o diretor da Escola Estadual Professor Braz Sináglia. Ele recebeu o apoio dos moradores.
Governo do Estado diz que merenda chegará na próxima segunda-feira (6)
Segundo a assessoria de imprensa do Governo do Estado, a Alimentação Escolar das escolas da Rede Estadual de Ensino de Mato Grosso do Sul é descentralizada, ou seja, os recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) são transferidos para escolas, por meio de suas Associações de Pais e Mestres (APM), que são responsáveis por todo o processo de aquisição de gêneros alimentícios.
De acordo com o que foi apontado pela Secretaria de Educação, é seguida uma ordem que começa com a ordenação de despesas, gestão e execução dos contratos administrativos, controle de estoque e armazenamento dos gêneros alimentícios e prestação de contas, em conformidade com a Resolução/CD/FNDE nº 26/2013.
“O recurso financeiro destinado a cada escola é calculado conforme o censo escolar do ano anterior ao atendimento, disponibilizado oficialmente no final do mês de janeiro de cada ano, momento este em que as escolas passam a conhecer o valor anual que terão para a aquisição de alimentos, no âmbito do PNAE, e, iniciam o processo de compras (Chamada Pública para a agricultura familiar e licitação). Todo este processo demanda, em média, 30 a 40 dias.”, explicou a assessoria, em nota enviada à reportagem.
Ainda de acordo com o Governo, as escolas, cientes desse período obrigatório e inevitável que se demora a finalizar o processo de compras, e, orientadas pela Secretaria de Estado de Educação (SED), planejam a aquisição e utilização dos gêneros alimentícios de forma que ao final do ano tenham estoque suficiente para atender os 40 primeiros dias letivos do próximo ano.
No entanto, um levantamento da SED mostrou que “a maioria das escolas não conseguiu estocar os alimentos. Frente à situação levantada, a SED adquiriu, em caráter de urgência, gêneros alimentícios que estão sendo distribuídos em todas as escolas da REE, para atendimento de 40 dias letivos, período suficiente para que os processos de compras das escolas já tenham sido finalizados. Em contato com o setor de entregas da alimentação escolar, fomos informados de que na segunda (06) as escolas já terão merenda em seus estoques”, garantiu.