Assim como vários casos registrados ao longo de 2024, a morte da rapper de MS, Laysa Moraes Ferreira, 30 anos, mais conhecida como La Brysa, encontrada morta no rio Cuiabá, pode ter sido por engano, por um simples gesto posado em fotos compartilhadas nas redes sociais.
Gestos que parecem simples, feitos com as mãos para sair em fotografias, se tornaram um fator de risco e podem estar ligados as várias mortes por engano no País.
Nos últimos meses, assassinatos estão sendo atribuídos a facções, que teriam "punido" pessoas por fazerem símbolos de rivais, seja por provocação ou mesmo por engano.
Conforme o portal Uol, em outubro do ano passado, duas mortes também teriam ocorrido por conta do mesmo problema: de Gustavo Natividade, 15, e Daniel Natividade dos Santos, 21, que eram percussionistas do bloco afro Malê Debalê. Eles foram mortos a tiros em Camaçari depois de uma foto fazendo gestos similares ao de uma facção.
Marcos Vinícius Alves Gonçalves, 20, foi morto a tiros em Feira de Santana (115 km de Salvador) logo após a publicação de uma foto nas redes sociais. Ele não possuía antecedentes criminais e seu gesto foi associado a uma facção que atua na cidade.
Ainda no ano passado, turistas foram alertados por guias para evitarem tirar e postar fotos com sinais e gestos.
"O CV é a 'tudo 2' e utiliza o número dois para se identificar; já o PCC é a 'tudo 3' e utiliza o número três. Eventualmente algum desavisado ou então faccionado de outra facção faz esse gesto, e ele é visto como uma afronta. Às vezes a pessoa acaba pagando com a própria vida", explicou o delegado Roberto Júnior, diretor regional de Sudoeste/Sul da Polícia Civil da Bahia.
Caso La Brysa
Natural de Três Lagoas, Laysa mudou para o estado vizinho no ano passado para investir na carreira de MC.
A rapper estava desaparecida desde o dia 3 de janeiro. O corpo da jovem foi encontrado no rio Cuiabá, em Mato Grosso, enrolado em um tapete e amarrado com fios de aço e nylon a uma lata de concreto.
Conforme entrevista ao jornal MídiaNews, de Mato Grosso, o corpo estava envolvido em uma espécie de cobertor ou tapete. Uma lata com concreto estava amarrada à vítima com arame de aço e corda de nylon, possivelmente para que o corpo ficasse submerso e não fosse localizado.
“Pés e barriga pra amarrar o cobertor, amarrada do jeito que foi, muito característico de facção criminosa envolvida”, disse o delegado.
A hipótese é apenas uma das linhas de investigação.
Símbolo de facção
Nas redes sociais, desde que a jovem desapareceu, começaram a circular imagens dela e outros "amigos" fazendo o símbolo de “três dedos”, que estaria relacionado a uma organização criminosa.
O sinal feito pela MC nas fotos é associado, no mundo do crime, à facção Primeiro Comando da Capital (PCC) e aos demais grupos aliados.
Essa organização é rival à facção que predomina o Estado de Mato Grosso, que é o Comando Vermelho.
Apesar dos indícios citados pelo delegado, o caso está sendo investigado. “É uma indicação de uma possível motivação, sim, mas ainda é cedo pra falar”, ponderou Bruno Abreu.
Amigos da rapper negam envolvimento com o crime. Assim que foram levantadas as suspeitas de Laysa ter sido morta por facção criminosa no estado vizinho, amigos usaram as redes sociais para defender a memória da rapper.
"O único envolvimento da Laysa foi a arte. Envolvida até o último fio de cabelo com o HIP HOP, movimento esse que ela sempre acolheu e foi acolhida. Nossa irmã tinha 12 anos de contribuição ao RAP NACIONAL, sem envolvimento com nada, além disso", escreveu uma jovem.