Um garoto de 10 anos foi picado por um escorpião na manhã desta terça-feira (27) quando ia para a escola, no Jardim Pagani, em Bauru (SP). Ele foi atendido na UPA (Unidade de Pronto-Atendimento) do Jardim Bela Vista e passa bem após passar por atendimento.
O caso aconteceu quatro dias depois da quarta morte por picada de escorpião ser registrada na região e reacendeu o temor de moradores do Centro-Oeste Paulista.
No último sábado (24), uma menina de 9 anos morreu em Bariri após um acidente semelhante. Nicoly Stephanie da Silva Nicolai sofreu a picada enquanto brincava no quintal de casa, na zona rural da cidade, e se transformou na quarta vítima fatal da região neste ano.
Segundo a manicure Ivone Cristaldo, mãe do garoto picado em Bauru, a criança caminhava para a escola quando teria reclamado de uma picada na perna, provavelmente de formiga. Ao pedir ajuda da mãe, sua calça foi chacoalhada e o escorpião caiu no chão. O animal foi morto pela mãe do garoto.
A mãe pediu socorro ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), mas o garoto acabou sendo encaminhado para a UPA por uma professora da escola onde ele estuda. Na unidade, o garoto recebeu um bloqueio contra a dor, permaneceu em observação e passa bem.
A decisão da manicure de procurar atendimento urgente foi a adequada, segundo a infectologista Geovana Nogueira de Lima. Ela explica que o local da picada pode ser lavado com água e sabão, mas o mais importante é acionar o socorro especializado.
“A picada provoca uma dor intensa, e a pessoa pode até receber um analgésico. O principal mesmo é procurar por um atendimento médico. Quando for criança e tiver alterações do batimento cardíaco, na respiração, vômitos, então há a necessidade do soro ser aplicado o mais rápido possível”, explica a infectologista.
No início da tarde desta terça-feira, a Emdurb anunciou a sequência do trabalho de dedetização nos cemitérios municipais como forma de controle de escorpiões. A ação teve início no cemitério Redentor, seguindo para o São Benedito, Saudade e Cristo Rei.
A Emdurb orienta aos moradores das imediações dos cemitérios que é importante manter ralos de pias, banheiros e soleiras de portas fechados, bem como manter os quintais limpos, como forma de evitar a invasão e proliferação dos escorpiões para dentro das residências.
Antes da morte de criança no último sábado, o caso fatal mais recente no Centro-Oeste Paulista neste ano tinha sido registrado em Ourinhos, no final de outubro. Giovana Guedes Martins, de 4 anos, foi picada por um escorpião ao vestir a blusa de frio para ir à escola.
Giovana foi medicada e levada para observação na sala de emergência. Mas, seu estado de saúde piorou e ela não resistiu a paradas respiratórias.
Em Cabrália Paulista, a menina Yasmin Lemos Campos, de 4 anos, morreu após ser picada por um escorpião no quintal da casa onde morava, em julho deste ano. A menina passou por duas cidades e, em duas delas, não havia o soro.
Já em Barra Bonita, em abril, Brian Alves Gabriel, de 6 anos, também morreu após ser picado. Segundo o pai do garoto, não havia soro no hospital da cidade. E, cerca de 40 minutos após a sua entrada, ele foi transferido para a Santa Casa de Jaú, cidade vizinha.
Em Jaú, o garoto tomou o soro, mas não resistiu e morreu cerca de três horas depois de ter sofrido a picada.
Medida judicial
Em setembro, o Ministério Público Federal entrou com uma ação para que a União e o Estado de São Paulo disponibilizassem, pelo menos, seis ampolas de soro antiescorpiônico para cada um dos municípios da região de Jaú (SP).
Segundo o MPF, as cidades de Bariri, Barra Bonita, Bocaina, Dois Córregos, Igaraçu do Tietê, Itaju Itapuí, Mineiros do Tietê e Torrinha não possuíam doses em suas unidades de saúde. Os pacientes precisam se deslocar até a cidade de Jaú para receber o tratamento.
Dois meses depois da decisão do MPF, as cidades de Barra Bonita e Igaraçu do Tietê receberam as ampolas. O lote foi enviado pela Secretaria Estadual de Saúde e vai ficar no Hospital e Maternidade São José, em Barra Bonita.