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20/09/2021 20:45

Policial é presa ao recusar hora extra para poder amamentar o filho no Maranhão

Ela já tinha cumprido o expediente regular e estava exausta

A soldado da Polícia Militar, Tatiane Alves, foi presa ao se recusar a fazer hora extra, no dia 5 de setembro, no centro histórico de São Luis (MA). Ele diz que precisava amamentar o filho, por isso não poderia ficar a mais do que o programado. 

A militar destacou que, além do filho de dois anos precisar mamar, ela já estava exausta em razão de ter ficado as seis horas de pé e sem alimento. 

Segundo o G1, quando o plantão de seis horas da policial terminou, o tenente Mario Sergio Oliveira Brito, determinou que Tatiane ficasse por mais tempo, sem previsão de término. 

‘’Eu fui até o meu comandante imediato, expliquei a situação e, infelizmente, ele não me ouviu. Só disse que, se eu não cumprisse a determinação dele, eu seria presa em flagrante por desobediência", conta a policial. 

O marido da policial, que estava esperando por ela no local, filmou a prisão. A policial foi levada em uma viatura para o Comando Geral da Polícia Militar, onde ficou presa por 24 horas. 

‘’Só fui solta com o alvará de soltura. E também me surpreendeu porque, junto com o alvará, veio ofício solicitando a minha transferência do batalhão, infelizmente”, lamentou a militar. 

Denúncia

Tatiane trabalhava em Imperatriz, interior do Estado. Ela foi transferida para a Capital, após divulgar episódios de assédio sexual dentro da Polícia Militar. Na época, ela gravou um vídeo para as redes sociais.

“Eu fiz um curso de moto porque queria servir a sociedade de verdade. Assim que eu me formei, o antigo comandante do Esquadrão Águia falou para mim o seguinte. Que enquanto ele fosse comandante, eu não voltava pro esquadrão. Sabe por que? Porque eu sofri assédio sexual, entendeu? E eu não cedi pra ele. Hoje eu não tenho mais condição de trabalhar porque eu não aguento mais esse lugar”, relatou a policial à época. 

Após o episódio da prisão, a policial pediu afastamento para tratamento psicológico. O caso de Tatiane foi comentado por entidades que defendem os Direitos Humanos e Direitos das Mulheres. 

A Comissão de Direito Militar da Ordem dos Advogados do Brasil no Maranhão (OAB-MA) cobrou providências do comando da PM.

“Entendemos que houve falta de bom senso do oficial em relação à militar, haja vista que ela cumpriu a sua escala de serviço de 6h. Não havia a necessidade de expor ainda mais, se falando de uma mulher, mãe, e precisava amamentar a criança. afirmou Ana Carina Saraiva, presidente da Comissão, segundo o G1. 

A presidente da Comissão da Mulher da OAB, Tatiana Costa, também acompanha o caso e diz que a policial deveria ser liberada para alimentar seu filho.

Já o advogado e membro da Sociedade Maranhense de Direitos Humanos, Antonio Pedrosa, diz que falta proteção das mulheres no ambiente militar, por conta de uma cultura de autoritarismo.

“É preciso levar em consideração as especificidades de gênero para o cotidiano dessas corporações, e é o que não está havendo nesse sentido. Não há proteção para mulheres que estão amamentando”, disse o ativista. 

A Promotoria de Justiça Militar, que responde em casos de prisão, disse que abriu um inquérito para investigar o caso de Tatiane. 

O Secretário de Segurança Pública afirmou que a policial Tatiane está sendo acompanhada pela rede de proteção imediata para as mulheres militares do estado, e que ela foi realocada para o Batalhão de Segurança Comunitária para que pudesse ficar mais tempo com o filho.

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