Índios de todo o país estão em Brasília desde ontem, quarta-feira (24), onde participam do 15º ATL (Acampamento Terra Livre), evento anual em que as tribos de quase todas as etnias rumam para a capital brasileira e aqui reivindicam seus direitos. De Mato Grosso do Sul, território que abriga a segunda maior população indígena do país, com cerca de 80 mil índios, participam do evento comunidades kaiowá e terena, principalmente.
A expectativa dos organizadores do acompamento é que até sexta-feira, amanhã (26), juntem ao movimento em torno de 4 mil índios.
Neste ano, por determinação do governo de Jair Bolsonaro, policiais militares e da Força Nacional, em torno de 800, já aguardavam o povo indígena.
A ideia é impedir a concentração dos índios em torno dos poderes, principalmente o palácio do Planalto, Congresso Nacional e também dos prédios dos ministérios.
TopMidiaNews apurou que até algumas portas que dá acesso aos corredores do prédio da Câmara dos Deputados foram trancadas com cadeados.
Numa dessas entradas, a que fica entre um restaurante e as salas de audiências das comissões, passagem de centenas de servidores do parlamento federal, foi fechada “por causa dos índios”, disse um dos recepcionistas.
As vias que contornam o palácio do Planalto e o prédio do Congresso, separados por uma avenida, ficaram cercados por viaturas ocupadas por policiais armados.
A reportagem conversou com alguns índios que andavam a pé há uns 300 metros dos dois edifícios, mas eles preferiram não prestar depoimentos para “não complicar ainda mais a situação”.
Até por volta do meio dia da quarta, os índios manifestantes estavam concentrados perto da rodoviária, distância de 2 quilômetros. Mais tarde eles seguiriam até um local definido pela polícia. Ao menos até à noite de ontem, não havia notícia de algum enfrentamento.
Dois anos atrás, contudo, na gestão de Michel Temer, policiais atiraram bala de borracha contra os índios, que revidaram com flechadas.
O 15º ATL continua nesta quinta e deve seguir até amanhã. Um dos pedidos dos índios é que a Funai permaneça com a missão de demarcar as terras indígenas. Com Bolsonaro no poder, a fundação não é mais dona da tarefa, hoje uma atribuição do ministério da Agricultura.
Durante o dia de ontem, somente os líderes indígenas tiveram acesso ao prédio do Congresso. A Força Nacional, por determinação de Bolsonaro, que manifestou-se contrário ao movimento, pelo Facebook, deve ficar por perto dos poderes de Brasília por um mês.