Alguns pesquisadores e entidades científicas reagiram com reprovação após atitude do presidente Jair Bolsonaro revogar a condecoração de comendadores a cientistas na última sexta-feira (5).
Pesquisadores como Adele Schwartz Benzaken, diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane da Fundação Oswaldo Cruz; e Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, médico infectologista da Fundação de Medicina Tropical Doutor Heitor Vieira Dourado eram para ganhar condecorações.
Benzaken foi diretora adjunta da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, entre 2013 e 2016, e posteriormente diretora do Departamento de IST/HIV-Aids e Hepatites Virais do mesmo órgão, de junho de 2016 a janeiro de 2019, quando foi exonerada pelo Ministério da Saúde, à época gerido por Luiz Henrique Mandetta.
Lacerda coordenou o estudo que comprovou a ineficácia da cloroquina no tratamento da Covid-19.
Neste sábado (6), 21 cientistas renunciaram à condecoração por meio de uma carta. "Enquanto cientistas, não compactuamos com a forma pela qual o negacionismo em geral, as perseguições a colegas cientistas e os recentes cortes nos orçamentos federais para a ciência e tecnologia têm sido utilizados como ferramentas para fazer retroceder os importantes progressos alcançados pela comunidade científica brasileira nas últimas décadas", diz um trecho do documento.
A vice-presidenta da ADUFMS, Mariuza Aparecida Camillo Guimarães, afirma que Bolsonaro utilizou de sua posição para atacar a pesquisa científica brasileira, especialmente aquela que contradiz as posições negacionistas do presidente.
“Colocar o que essas pessoas pesquisam faz refletir sobre o que leva a maior autoridade do país a fazer isso, uma autonomeação para desqualificar a ciência”, pontua.