Orlando Morais ficou nove dias na UTI com Covid-19 e afirma que os olhos negros de Glória Pires o ancoraram aqui na Terra. No olhar da mulher, ele encontrava a confirmação de que estava consciente.
De aocrdo com o G1, a atriz também foi a segurança em pessoa ao brotar de surpresa na casa do casal em Brasília, onde ele estava, dizendo: "Acabou a brincadeira, tô aqui e vou ficar".
O marido não só havia resistido à presença dela por medo do contágio, como também à internação no hospital. Foram preciso duas noites ardendo em febre de 42 graus e sentindo o ar sumir do pulmão para que se convencesse.
A partir daí, travou uma luta pela vida ("quando os aparelhos começavam a apitar, os enfermeiros falavam coisas lindas no meu ouvido", conta). E ela venceu ("não podia me permitir morrer").
Mas o cantor e compositor goiano de 59 anos ainda sofre as consequências da doença. Faz fisioterapia respiratória três vezes ao dia. Troca de roupa oito vezes por causa do suor que invade o corpo. A alma, no entanto, está com fome de viver. Projetos não faltam.
Um deles é um disco em que deve cantar com as filhas (a enteada Cleo, Antonia e Ana). Mas há dois álbuns inéditos já prontos: um com a Velha Guarda da Portela (previsto para 2022); outro, do projeto Rivière Noire, seu trio com os franceses Pascal Danae e Jean Lamoot, com o qual ganhou Melhor Álbum de Música do Mundo, no Victoire de La Musique, o Grammy francês.